Casal troca festa de casamento por construção de escola em Moçambique

Ao chegarem juntos na missão humanitária, se depararam com uma realidade difícil. “Desistimos de gastar tanto dinheiro em algo que seria para nós e resolvemos fazer alguma coisa para tornar o mundo melhor, para um bem comum”.

Um casal brasileiro trocou festa de casamento pela construção de uma escola na aldeia de Matuba, em Macarretane, no distrito de Chokwé, onde 300 crianças estudam atualmente. O casal participou de uma missão humanitária no local em 2020 e voltou com o desejo de ajudar aquelas crianças.

A gerente comercial Taina Pessoa, 33, e o advogado Renato Marques, 37, fizeram o projeto e perceberam que precisariam de 220 mil reais, pouco mais de (2.700.000,00mts) para concretizar a construção. Parte desse recurso veio dos custos da festa de casamento e o restante por meio de uma vaquinha online que até o momento arrecadou 170 mil reais.

Taina contou o porquê de terem trocado a comemoração matrimonial por um investimento em outro continente. Ela lembra que, antes de ir para a missão humanitária em Moçambique, o casal estava no processo de organização da festa de casamento, e que os orçamentos eram muito caros. “Assustadores, na verdade.”

Ao chegarem juntos na missão humanitária, se depararam com uma realidade difícil. “Desistimos de gastar tanto dinheiro em algo que seria para nós e resolvemos fazer alguma coisa para tornar o mundo melhor, para um bem comum”, diz.

Taina conta que os corações dela e do marido foram tocados quando estiveram em Moçambique, e que aquele contacto mudou totalmente a forma de ver a vida.

“Encheu nosso relacionamento de amor e compaixão. No Brasil, temos um projeto social chamado Formiguinhas da Alegria, que atende todo o Distrito Federal e o entorno, e participamos como voluntários de outros projetos. Quem sabe com a ajuda de todo mundo possamos construir alguma coisa melhor por aqui também no futuro?”.

A aposta foi em uma escola porque os dois são filhos de professores e acreditam que a educação pode transformar o mundo, assim como transformou a vida do casal. Nas aldeias que visitaram em Moçambique, viram crianças tendo aulas em estruturas precárias, literalmente caindo aos pedaços. Eram construções de pau a pique, sem banheiro, luz, algumas crianças têm aula em baixo de árvore.

“A escola será nos padrões brasileiros, com oito salas de aula, banheiros, refeitório e área de lazer. Atenderá cerca de 300 crianças e adolescentes e terá, além da parte pedagógica, atividades culturais e fornecerá refeição para as crianças. Após a construção, a ONG brasileira chamada Fraternidade sem Fronteiras vai fazer o trabalho diário na escola, assim como já fazem em outras regiões”, detalhou.

As obras em Moçambique foram iniciadas em 2021. A previsão é que o trabalho esteja concluído 100% no próximo ano. A construção da escola, aponta Taina, é uma ação a muitas mãos.

Além disso, por estarem no Brasil, contam com uma dupla de voluntários que hoje mora em Moçambique e auxilia na construção. Esses dois voluntários fazem todas as prestações de contas. Cada compra de material, o dinheiro segue já com a cotação pronta. O casal paga direto aos fornecedores e lojas. Para o pessoal que trabalha na obra, alguns são remunerados, o pagamento é semanal. Metade do valor da obra é de doação do casal.

“A cada um real doado, nós também doamos um. Fazemos isso a cada montante. Abrimos essa campanha para que todos aqueles que querem participar da construção e que também queiram nos presentar possam ficar à vontade para fazer de bom coração e com muita alegria”, diz a noiva.

“Isso está intrínseco no nosso DNA. Viemos de uma família que já trabalha muito essa parte social. Olhamos para todos com um coração repleto de amor e fazemos o melhor sem distinção”, disse.

O casal abriu uma arrecadação de dinheiro online para que mais gente possa contribuir com a iniciativa.

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