A imagem de Zuma está estampada nos boletins de voto, o que faz com que pela primeira vez a África do Sul vá as eleições com um candidato que já está desqualificado. Zuma foi declarado inelegível para as eleições gerais e desqualificado pela Comissão Eleitoral devido a uma objeção contra sua candidatura, mas os boletins de voto e todo o material de propaganda já tinham sido impressos.
De lembrar que as sondagens apontavam que o ex-presidente iria ter 8% dos votos ou das intenções de votos. O ANC está com uma sondagem na ordem dos 45%. As sondagens para o EFF (Combatentes da Liberdade Económica) de Julius Malema rondam os 10%.
Entretanto, mais de 27 milhões de sul africanos vão hoje as urnas para eleger o seu Presidente da República, com sondagens a mostrarem que o Congresso Nacional Africano, que governa o país desde a queda do apartheid, há 30 anos poderá perder a maioria pela primeira vez.
É que o país vai as eleições com enormes problemas, a destacar o desemprego, uma crise de eletricidade caracterizada por apagões constantes que afectam empresas e residências particulares.
Especialistas em matéria eleitoral acreditam que o ANC de Nelson Mandela, poderá cair abaixo de 50% de votos. José Gama, jornalista angolano baseado em Pretória, sublinha que as desigualdades sociais, injustiças económicas e a corrupção acabaram por desacreditar o ANC.
“Pela primeira vez em trinta anos, a África do Sul vai a eleições com uma população maioritariamente jovem sem memória do apartheid. Se entre os eleitores mais velhos a divisão entre a lealdade ao ANC e as actuais preocupações do país existe, nos mais novos é o desemprego endémico, a violência e insegurança, a escassez de água e electricidade e a corrupção que são alguns dos factores que podem ditar o sentido de voto”, afirma o jornalista.
Segundo José Gama, as desigualdades sociais, injustiças económicas e a corrupção acabaram por desacreditar o ANC, no poder desde 1994. “Contudo, ainda existem aquelas pessoas que ainda olham para o ANC por conta dos valores de luta e dos valores militares. O ANC consegue adoptar um discurso para fazer lembrar o papel que desempenhou para libertar o país. E há pessoas que ouvem isso”.
A África do Sul tem uma taxa de desemprego na ordem dos 36%, o que significa que quase 60% da juventude está desempregada. A criminalidade aumentou e o Governo não consegue pôr cobro a esta prática, porque ela também está associada às taxas altas de desemprego, disparidade social entre os brancos e os negros. A maioria dos negros vivem em condições vulneráveis. A corrupção que se tem tornado grave é outro fenómeno que complica as contas do ANC.