Azagaia: Custa-nos dizer adeus

Como escreve Ivan Munembe, activista social, na sua página do Facebook, em homenagem a este filho amado, não só em Mocambique, “o calendário da morte é assim mesmo, frio, directo e doloroso.
A partida de Azagaia é um golpe duro para os amantes da justiça e para todos aqueles que amam a verdade.
Hoje, exactamente quando forem 14 horas, Azagaia estará a descer para a sua última morada. Será um momento duro e cruel, mas tentaremos ser fortes e fiéis ao seu pedido feito nos seguintes termos: “Jovens moçambicanos, se eu perder a vida só vos peço uma coisa, não chorem. Façam simplesmente aquilo que combinamos! Povo no poder”.
“Um cão de raça”, hoje, chega ao céu e com duas obras discográficas já lançadas, marca o fim do seu trajecto. Resta-nos voltar a escutar e honrar as escrituras sagradas que deixou em forma de música e entrevista.
Como escreve Graça Machel, activista social e defensora dos direitos humanos, Azagaia foi implacável contra a injustiça fazendo da verdade a sua bandeira. Sendo sempre a voz atenta do povo de que fazia parte e protegia carinhosamente. “Deixas-nos lições de vida feitas, inspiração de geração em geração e humildade”.
Por sua vez, o Professor e académico Nataniel Ngomane descreve Azagaia como homem com ága maiúsculo. “Morreu um Homem. Homem, com agá maiúsculo. Porque representava todos os Homens e Mulheres desfavorecidos. Os desgraçados, os miseráveis. E não era apenas um repper. Era um Homem. Homem com agá maiúscula”.
Sérgio Raimundo “Militar”, cidadão com coração partido, escreveu: “Azagaia é vala que drena as nossas dores que o município não consegue construir, é o imposto da cidadania que o Estado nao nos consegue dar, é o camião que colecta o lixo das nossas ilusões e esperança enquanto o Estado cobra-nos a taxa de lixo. Azagaia é o buraco da estrada da nossa democracia que nem com o alcatrão de voto conseguimos tapar”.
Só nos resta aceitar esta crueldade e rogarmos a Deus para que a terra lhe seja leve.
O povo no poder!
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