Cabo Delgado: Presença das forças ruandeses e da SADC reduziu o número de terroristas

Neste momento, o grupo conhecido como Al-Shebab tem cerca de 280 combatentes, contra os 2.500 iniciais. Só nos últimos seis meses, morreram entre 70 e 120 combatentes e comandantes em operações militares, na província de Cabo Delgado.

Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a presença de tropas ruandesas e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) no norte de Moçambique reduziu o número de militantes do Estado Islâmico, mas não os extinguiu.

O documento, publicado pela comissão da ONU encarregada de acompanhar as sanções impostas ao Estado Islâmico e à Al-Qaida e referente ao segundo semestre de 2022, a permanência do grupo fundamentalista islâmico ameaça os interesses económicos na província de Cabo Delgado.

Ainda assim, sublinha a comissão citando informações avançadas pelos Estados-membros da SADC, o destacamento de tropas regionais para Cabo Delgado, a partir do verão de 2021, “mudou significativamente a trajetória do conflito”.

Neste momento, a afiliada local do Estado Islâmico, conhecida em Cabo Delgado como Al-Shebab – embora não tenha nenhuma relação com o grupo do mesmo nome que atua na Somália e está ligado à Al-Qaida -, “tem cerca de 280 combatentes, contra os 2.500 iniciais”, avança a ONU no relatório, destacando que, nos últimos seis meses, morreram entre 70 e 120 combatentes e comandantes em operações militares.

A relativa melhoria da situação no terreno tornou possível, há duas semanas, uma visita a Cabo Delgado, do presidente da Total, Patrick Pouyanné, que se reuniu com o Presidente da República, Filipe Nyusi, e visitou a península de Afungi, onde a empresa francesa de energia pretende realizar um grande projeto de exploração de gás natural liquefeito (GNL).

A empresa francesa, que tinha suspendido o projeto e retirado todos os seus funcionários da região em abril de 2021 após um ataque de terroristas, encarregou agora um especialista independente de preparar um relatório sobre “a situação humanitária” na província que deve ser apresentado antes do final de fevereiro e com base no qual será decidido “se existem condições para retomar as atividades”.

Segundo a ONU, entre junho e julho passados, foram registados mais de 161 mil deslocados apenas nos distritos de Ancuabe e Chiure, onde a violência se tem alastrado.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

ONU/ZEBRA