Cerca de 10 milhões de ucranianos sofrem de problemas mentais

Cerca de 10 milhões de ucranianos, quase um terço da população que permaneceu na Ucrânia após a invasão da Rússia, sofrem de problemas mentais e “quatro milhões apresentam sintomas moderados e severos”, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“No meu encontro com a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, ela contou-me que todos (os cidadãos) se transformaram em psicólogos”, comentou o diretor europeu da Organização Mundial da Saúde (OMS), Hans Kluge, numa conferência de imprensa em Zhitomir, Ucrânia.

A OMS pediu, para este ano, 240 milhões de dólares para o financiamento das operações humanitárias relacionadas com a guerra (160 milhões para o território ucraniano e 80 milhões de dólares para os países que recebem refugiados ucranianos).

Com esta campanha, a OMS espera prestar assistência humanitária a 13,8 milhões de pessoas, face aos 8,5 milhões de pessoas a quem chegou este tipo de ajuda em 2022.

O responsável da OMS, que realiza a quinta visita à Ucrânia desde o início da última invasão da Rússia, em fevereiro do ano passado, sublinhou que a atenção “sobre a situação mental e psico-social” é uma das prioridades da organização, assim como os programas de reabilitação para feridos de guerra ou vítimas de ataques armados.

O diretor europeu da OMS nota que “apesar da fadiga, do ‘stress’ e do esgotamento dos trabalhadores sanitários, o sistema de saúde continua de pé”.

Os dados fornecidos por Kluge sobre saúde mental durante a conferência de imprensa realizada por meios remotos e citados pela agência espanhola EFE ainda não se encontram referidos no portal da OMS cujo último relatório sobre a Ucrânia data do dia 15 de fevereiro.

A guerra afetou também as campanhas de vacinação já que após a invasão da Rússia apenas 11% das doses da vacina contra o SARS CoV-2 (quatro milhões de um total de 35 milhões) chegaram à Ucrânia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia provocou a fuga de mais de 18 milhões de pessoas, milhões de deslocados internos e para países europeus, são dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945).

A guerra já matou mais de 7.000 civis e há mais de 11.000 feridos. A ONU sublinha que estes números estão muito aquém dos reais. Mais de 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.