Curandeiro de Mariano Nhongo já previa o fim trágico

Este homem, com cerca de 90 anos de idade gaba-se de ter tratado o falecido líder da Renamo Afonso Dhlakama, com o propósito de vencer os pleitos eleitorais, que no entanto, nunca logrou secesso.

O líder espiritual da Junta Militar da Renamo, o velho Tsequeza, residente num dos bairros do distrito de Sussunga, na província de Manica, teria aconselhado o seu cliente Mariano Nhongo, a abandonar as matas e abraçar o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR),  pois, previa um fim trágico caso este continuasse escondido nas matas e a protagonizar ataques.

Com cerca de 90 anos de idade, Tsequeza era considerado um dos principais líderes espirituais da auto-proclamada Junta Militar da Renamo.

Segundo ele, antes de Mariano Nhongo rumar às matas em 2019, passou pelos banhos e rituais de protecção por si preparados, não tendo aconselhado de alguma forma a praticar crimes bárbaros.

“Nhongo foi tratado por mim para ser presidente. Durante o tratamento os espíritos perguntaram-lhe se iria conseguir alcançar o seu propósito e ele respondeu que sim. Mas garanto que não foi o nosso combinado que devia matar pessoas”, disse o ancião, acrescentando que tanto ele como os espíritos não queriam que Nhongo matasse pessoas inocentes.

Tsequeza que fez estas declarações antes da morte do líder da Junta Militar, defendia um encontro entre Mariano Nhongo e o líder da Renamo Ossufo Momade.

O líder espiritual já havia advertido o seu cliente que caso não saísse das matas teria um futuro negro, pois, o ritual preparado por si já não teria efeito. “Eu já lhe disse que aqueles medicamentos não combinam com armas”.

Entretanto, a morte de Mariano Nhongo era inesperada para as Nações Unidas, que dizem ter mantido a expectativa de ver o conflito com a Junta Militar da Renamo a ser resolvido pacificamente.

Esta foi a reação de Mirko Manzoni, enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas e presidente do Grupo de Contacto, à anunciada morte de Mariano Nhongo.

Embora reconhecesse os esforços do Executivo moçambicano em convencer o líder da Junta Militar a aderir ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), Manzoni não esperava que o fim fosse a morte.

“Na sequência dos sólidos progressos feitos até à data neste processo e da recente deserção pelos principais membros da Junta Militar da Renamo, esperávamos que a situação tivesse sido resolvida de forma pacífica. Embora este seja um fim lamentável para a situação, reconhecemos os consideráveis esforços do Governo, no sentido de recorrer a meios pacíficos para devolver a estabilidade à zona centro de Moçambique”, diz Manzoni, em documento divulgado no site das Nações Unidas.

Embora o fim de Nhongo tenha sido a morte, o responsável indicado pelo secretário-geral da ONU espera outra sorte para os demais membros da Junta Militar da Renamo que continuam nas matas. Adaptado da TVM