Escândalo financeiro afunda Cyril Ramaphosa

Logo após a divulgação esta semana, das conclusões do relatório sobre o escândalo financeiro que envolve o Presidente Cyril Ramaphosa, o seu gabinete reiterou que o estadista não aceita os resultados. “Tenho me esforçado, durante todo o meu mandato como presidente, não apenas para cumprir meu juramento, mas para dar um exemplo de respeito pela Constituição, por suas instituições, para o devido processo e a lei. Nego categoricamente que tenha violado este juramento de alguma forma e, da mesma forma, nego que seja culpado de qualquer uma das acusações feitas contra mim”.

O gabinete da presidência disse que Ramaphosa estudará o relatório e fará um anúncio “no devido tempo”. O Presidente sul africano pode ser forçado a desistir do poder, devido às alegações de que encobriu o roubo de uma grande quantia em dinheiro, na sua fazenda. O dinheiro estava escondido num sofá de couro.

Os ladrões  roubaram na fazenda do Presidente mais de 500.000 dólares em dinheiro em 2020. De acordo com a investigação, liderada por um ex-presidente do tribunal, o crime não foi denunciado à polícia e que houve uma “decisão deliberada de manter a investigação em segredo”.

O ex-chefe de espionagem sul-africano Arthur Fraser alegou que o roubo ocorreu com o conluio de uma empregada doméstica e alegou que o roubo foi escondido da polícia e do serviço de receita. Fraser, cujas alegações foram detalhadas em um relatório sobre a investigação, disse que Ramaphosa pagou aos culpados pelo silêncio.

O Presidente sul africano afirmou que o dinheiro era proveniente da venda de búfalos em sua fazenda Phala Phala, para um empresário sudanês e que o roubo foi relatado ao chefe da segurança presidencial.

O presidente também contesta as alegações de Fraser de que a quantia escondida em sua fazenda era de mais de 4 milhões de dólares.

“Algumas pessoas estão a lançar calúnias sobre mim. Quero garantir que trata-se de dinheiro da venda de animais. Nunca roubei dinheiro de lugar nenhum. Seja dos nossos contribuintes, seja de qualquer pessoa. Eu nunca fiz isso. E nunca o farei”, disse o Presidente ao se dirigir a membros do partido governamental, Congresso Nacional Africano (ANC) em junho deste ano.

Ele é um conhecido proprietário e comerciante de búfalos raros, gado e outros animais selvagens, e tornou-se multimilionário por meio de sua fazenda privada de búfalos.

 

A investigação concluiu que as explicações apresentadas por Ramaphosa ainda não eram suficientes e que ele poderia ter violado a constituição e seu juramento de posse ao ter uma segunda renda como presidente.

Os principais líderes do ANC reuniram-se esta quinta-feira para discutir o relatório e, embora o partido tenha uma regra de “afastamento” por má conduta, o porta-voz do ANC, Pule Mabe, disse à televisão local que isso se aplica apenas àqueles que são “acusados ​​criminalmente”.

 

Oposição quer Impeachment

 

Ramaphosa foi recentemente homenageado no Palácio de Buckingham na primeira visita de estado organizada pelo rei Charles, mas o escândalo ameaça encerrar sua carreira política.

A conferência eletiva do ANC para escolher o possível sucessor de Ramaphosa deverá ocorrer em meados de dezembro do presente ano.

O líder oficial da oposição da África do Sul foi rápido em pedir um processo de impeachment e eleições antecipadas.

“O relatório é claro e inequívoco. O presidente Ramaphosa provavelmente violou uma série de disposições constitucionais e tem um caso a responder. O processo de impeachment sobre sua conduta deve prosseguir e ele terá que oferecer explicações muito melhores e mais abrangentes do que as que recebemos até agora”, disse John Steenhuisen, líder da Aliança Democrática.

Ramaphosa assumiu o cargo depois que seu antecessor, Jacob Zuma, foi forçado a renunciar devido a várias acusações de corrupção.

Ex-líder sindical e multimilionário, Ramaphosa disse repetidas vezes que o combate à corrupção é uma prioridade para sua presidência.

Mas o ANC, segundo todos os relatos, foi fraturado por facções políticas durante o seu mandato. Alguns aliados do ex-presidente Zuma agora pedem abertamente a renúncia de Ramaphosa. Fonte: RM/CNN