Escolha de quadros para missão nas Nações Unidas deve ser rigorosa

Segundo Leonardo Simão, o país tem a obrigação de garantir bom desempenho ao longo dos dois anos de mandato no Conselho de Segurança da ONU. Explicou que os assuntos discutidos naquela instância são complexos e bastante exigentes, requerendo por isso, uma dedicação a tempo inteiro.

A ESCOLHA de quadros para apoiar a missão de Moçambique, nas Nações Unidas, em Nova Iorque, deve obedecer a critérios rigorosos, de modo a garantir um bom desempenho do país, na sua qualidade de membro não permanente do Conselho de Segurança (CS), durante os dois anos em que ocupará o assento no prestigiado órgão.

Esta percepção é do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e Embaixador Itinerante de Moçambique, Leonardo Simão, encarregue de promover, a nível internacional, a candidatura do país a membro não-permanente do Conselho de Segurança.

Simão falava esta semana, durante as celebrações dos 60 anos do Dia da Mulher Pan-africana, num evento em que espelhou a visão de Moçambique naquele órgão internacional.

Segundo o embaixador, para garantir o bom desempenho de Moçambique nas Nações Unidas, o Governo está a formar dois grupos, sendo um para apoiar a missão e o outro que vai trabalhar na sede da organização, de 1 de Janeiro de 2023 a 31 de Dezembro de 2024.

Dirigindo-se aos representantes da Organização da Mulher Moçambicana (OMM), na cidade de Maputo, Leonardo Simão disse que o país tem a obrigação de garantir bom desempenho ao longo dos dois anos de mandato. Explicou que os assuntos discutidos naquela instância são complexos e bastante exigentes, requerendo por isso, uma dedicação a tempo inteiro.

“Por isso, os seleccionados para integrar a missão devem ser profissionais maduros que também terão a responsabilidade de aconselhar o Governo nos posicionamentos que deve tomar naquele órgão”, disse.

Para Leonardo Simão, a tarefa é gigantesca e complexa, valendo a experiência e maturidade de quadros suficientes que Moçambique possui, para realizar este trabalho de forma a que o país saia de lá com honra e dignidade.

De acordo com o embaixador, a boa comunicação e articulação entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Presidência da República e a missão permanente no Conselho de Segurança vai ser muito fundamental.

A fonte lembrou que a Organização das Nações Unidas integra 193 países.

 

A importância de estar no Conselho de Segurança

Segundo o embaixador, várias razões levaram o país a candidatar-se àquele organismo, sendo de entre as mais importantes a necessidade de elevar o bom nome e o prestígio de Moçambique na arena internacional.

É que, de acordo com ele, o bom nome de um país granjeia respeito. “Alguns dizem que a beleza não se põe na mesa, mas arrisco-me a dizer que o prestígio ajuda a trilhar caminhos para trazer comida à mesa”, disse.

Leonardo Simão, indicou como segundo elemento que levou Moçambique a submeter a sua candidatura, o facto de possuir grande experiência na resolução de conflitos, tanto internos, como além fronteiras.

“Dou como exemplo o resultado que obtivemos no Madagáscar, país vizinho que vinha mergulhado num conflito durante anos e que ajudamos a alcançar a paz e estabilidade”, acrescentou.

Acredita, no entanto, que toda a experiência acumulada ao longo dos anos pode ser útil para ajudar o Conselho de Segurança a melhorar o seu desempenho, uma vez que tem como principal papel a preservação da paz e a segurança internacional.

A outra motivação segundo Leonardo Simão, é o alargamento e o aprofundamento de relacionamento com outros estados, pois, quando se é membro do Conselho e Segurança todos os países procuram aproximação.

Explicou que desse aprofundamento de relações podem surgir soluções que ajudem a resolver problemas e desafios nacionais, para além de permitir maior aproximação do país a organizações internacionais e outras fora do sistema das Nações Unidas.

Segundo o embaixador é do interesse nacional que Moçambique seja membro do Conselho de Segurança e, sendo assim, toda a sociedade deve manter-se unida nesta causa.

JOANA MACIE