Horácio João
A Estrada Nacional número Seis, que liga a cidade portuária da Beira à vila fronteiriça de Machipanda com o vizinho Zimbabwe, deverá estar condicionada à circulação de pessoas e bens durante 30 dias para dar lugar às obras de reabilitação de emergência da ponte de betão armado sobre o rio Púnguè.
Um comunicado emitido ontem, pela Administração Nacional de Estradas (ANE), que a Reportagem da ÁGORA teve acesso, refere que a nova infraestrutura hidráulica se localiza entre o Posto Administrativo de Tica, no distrito de Nhamatanda e Locadidade de Mutua, no Dondo, província de Sofala.
A execução da empreitada em alusão está prevista a decorrer entre 20 de Abril em curso e 20 de Maio próximo.
Para melhor gestão e fluidez durante a realização dos trabalhos em causa, todo o tráfego para os dois sentidos de circulação passa a ser feito sobre a ponte metálica localizada no mesmo local, no sistema denominado “stop and go”.
Por outro lado, a mesma nota em nosso poder avança que a área estará devidamente sinalizada e com orientadores de tráfego permanentes para garantir a segurança e comodidade dos utentes.
A ANE, IP, entretanto, lamenta os transtornos decorrentes desta situação e apela à compreensão e colaboração dos utentes da Estrada Nacional número Seis.
Tudo isto acontece após obras de grande vulto na reabilitação e ampliação em toda sua extensão de 287 km, entre Abril de 2015 e Setembro de 2020, com investimento de 410.78 milhões de dólares norte-americanos, financiados pelo Governo de Moçambique e pelo Exim-Bank da China.
O projeto que chegou a empregar, no pico, 3460 trabalhadores, sendo 439 estrangeiros e 3021 nacionais, dos quais 570 mulheres, culminou com a construção de uma ponte de Betão armado sobre o rio Púnguè e reabilitação da anterior metálica, para além do levantamento da quota na baixa do Púnguè e do grande ganho com a implantação do “Nó de Inchope”.
Trata-se de uma rodovia de capital importância geoestratégica ao nível dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que são tradicionais operadores do Porto da Beira, como o Zimbabwe, a Zâmbia, Malawi, Botswana e RDCongo.
Exemplo disso, é que circulam diariamente nesta via cerca de 13 mil veículos-automóveis, entre ligeiros e pesados, sobretudo na importação e exportação das mercadorias de e para àqueles territórios sem acesso direito ao mar, cuja única porta de entrada e saída ao mar é o Porto da Beira.
Porém, devido ao excesso de carga aliado ao deficiente sistema de fiscalização sobre a matéria, assiste-se uma degradação precoce da infraestrutura, sendo que a projetada reabilitação da ponte sobre o rio Púnguè constitui uma clara evidência deste facto.