Festival de Nkhongue destaca-se nas celebrações da elevação da vila de Luenha

Luenha, sede do distrito de Changara, província de Tete, celebra hoje 13 anos da sua elevação à vila do distrito, comemorações marcadas por várias actividades, com destaque para a realização da II edicção do festival Nkhongue, prato típico da província, localizada no centro do país. Nkhongue é a designação local de miudezas de cabrito, depois de confecionados.

A administradora do distrito de Changara, Ana Maria, assegurou que o festival Nkhongue é o ponto mais alto das celebrações. “Portanto, teremos nesta II edição mais de seis distritos e todas as localidades. Mas também convidamos alguns distritos da província, nomeadamente  Cahora-Bassa e Moatize e alguns distritos da vizinha província de Manica.

Ana Maria, explicou que comparando com a I edição, realizada em 2023 nota-se um grande desenvolvimento. “Como dissemos, o festival coincide com o dia da vila que está em franco desenvolvimento”.

Em termos de expositores, a administradora disse que conta com um número de 100, diferente do ano passado que foram 68 expositores.

Segundo Ana Maria, a criação do gado caprino e bovino é uma da bandeira do distrito, onde todas as famílias e todos os serviços desenvolvem esta actividade. “Em termos de metas, nascem no nosso distrito acima de 1.000 cabritos por mês”, disse, salientando que esta é uma das actividades que a população de Changara desenvolve sem sobressaltos.

Acrescentou que uma das apostas do distrito é a comercialização. “Queremos incentivar a população a aumentar cada vez mais a criação do gado caprino, sendo uma fonte de rendimento”.

Para a administradora, a realização dos festivais no distrito está a catapultar a renda das famílias, dos criadores e contribui para o crescimento da economia distrital e nacional.

O distrito de Changara está localizado a sul do rio Zambeze, com a Sede-Luenha a 96 Km da cidade capital da província, confinando a Norte com os distritos de Cahora Bassa, Chiúta, Moatize e cidade de Tete; a Este com a República do Zimbabwe e distritos de Mágoè e Cahora Bassa e a Sul com a província de Manica através do rio Luenha.

A superfície do distrito é de 6.640 km2 e a sua população estava estimada em 228 mil habitantes em 2020. Com uma densidade populacional aproximada de 27,7 hab/km2.

Entretanto, reza a história que Changara, guerreiro oriundo da região de DARWN no Zimbabwe, acompanhado de seus irmãos mais novos, chegou ao território que hoje compreende o distrito de Changara em busca de terras férteis para desenvolver a actividade agrícola.

Na altura da chegada de Changara, a zona era habitada pela tribo dos Wazimba, a quem astuciosamente dominou, levando a que grande parte da tribo se fosse estabelecer na zona de Moatize. Para além da zona Sede, Changara conquistou as terras férteis de N’Temangau, junto do rio Mazoé, bem como as de Chiôco onde, para além da actividade agrícola, beneficiava da rica fauna ali existente. Muito embora não existam registos referentes às datas de ocorrência destas “conquistas”, sabe-se que este movimento migratório ocorreu muito antes da chegada dos portugueses a Moçambique.

À medida que foi conquistando as zonas, Changara foi distribuindo os territórios por seus irmãos, de entre os quais se salientam Boroma, Kabydza (uma mulher), Nhamphondo e Kalemera (o mais novo). Refira-se que Boroma se fixou na região que ainda hoje ostenta o seu nome, uma Localidade no Posto Administrativo de Marara, junto ao rio Zambeze.

Changara acabou fixando a Sede do seu poder na actual Sede do distrito junto ao rio Luenha, bem defronte de quatro montanhas (montes Mongomane), numa posição estratégica em termos de guerra, como se veio a verificar séculos mais tarde durante a luta contra o colonialismo português e nas agressões rodesianas e sul-africanas.

A população de Changara fala, basicamente, 3 línguas, designadamente, Tawara (de raiz zimbabweana), falada pela maioria da população da zona fronteiriça com o Zimbabwe, o Tonga (de Manica) na zona sul do distrito, sendo o Chinhungue a língua predominante, já que é falada um pouco por todo o território.

Em relação a recursos naturais, destacam-se os recursos florestais; faunísticas e minerais.