E a Human Rights Watch (HRW), organização internacional de defesa dos direitos humanos, pedeuma investigação ao uso de gás lacrimogéneo pela polícia moçambicana durante o cortejo fúnebre do ‘rapper’ Azagaia, que teve lugar na terça-feira desta semana, em Maputo.
Uma marcha em homenagem ao repper Azagaia, inicialmente autorizada pelo Conselho Municipal da Cidade de Maputo, para o dia 18 de Março (hoje), foi impedida pela polícia, que logo pela manhã posicionou-se nas principais avenidas da capital fortemente armada para reprimir os manifestantes, maioritariamente jovens.
Era suposto que a marcha fosse pacífica e obedecendo os seguintes: Estátua de Eduardo Mondlane, Klarl Max e desaguar na Praça da Independência. Os agentes da Unidade de Intervenção Rápida fortemente armados, bloquearam a avenida Eduardo Mondlane para impedir a marcha.
Os jovens que participaram da marcha pedem pedido de desculpas pela inviabilização da marcha. Os que resistiram cantavam e gritavam letras do Azagaia, ao mesmo tempo que questionavam a presença da polícia e cães no local.
Em quase todo o país viveu-se o mesmo senário de forte presença da polícia nas ruas para impedir a marcha em homenagem ao repper de intervenção social, Edson da Luz (Azagaia), falecido no dia 9 de Março, na sua residência, no bairro de Kongolote, cidade de Maputo.
O seu funeral, no dia 14 de Março, no cemitério de Michafutene, juntou milhares de pessoas que ao longo da marcha foram dispersas pela polícia que lançou gás lacrimogéneo. O cortejo do corpo do cantor foi bloqueado por blindados e polícia fortemente armada.
HRW pede investigação ao uso de gás lacrimogéneo
Entretanto, a Human Rights Watch (HRW), organização internacional de defesa dos direitos humanos, pede uma investigação ao uso de gás lacrimogéneo pela polícia moçambicana durante o cortejo fúnebre do ‘rapper’ Azagaia, na terça-feira, em Maputo.
“As autoridades moçambicanas devem investigar rápida e imparcialmente o uso de gás lacrimogéneo pela polícia no cortejo fúnebre de um famoso ‘rapper’ no dia 14 de março de 2023, em Maputo”, defende a Human Rights Watch em comunicado de imprensa.
Testemunhas citadas pela HRW referiram que a tensão aumentou quando a multidão se recusou a obedecer às ordens da polícia, com algumas pessoas a ajoelhar-se e a levantar os braços em sinal de paz, outras a gritar com a polícia.
Recorrendo às redes sociais e imagens da televisão moçambicana a TVSucesso, a organização viu “polícias de choque dispararem para o ar e usarem gás lacrimogéneo contra a multidão, para a dispersar”, momento em que “um polícia que parecia ser o comandante gritou: ‘Parem de atirar. Eu sou o único que dá ordens aqui’”, descreve o comunicado.
O carro fúnebre com a urna acabaria por passar, mas a população que o acompanhava foi obrigada a recuar e seguir por uma via alternativa.
“A polícia moçambicana responsável pela segurança em cortejos fúnebres ou outras reuniões públicas deve sempre respeitar as normas de direitos humanos para o uso da força”, disse Ashwanee Budoo-Scholtz, vice-diretor para África da HRW.
“Uma investigação imparcial é necessária para determinar se os agentes se apressaram desnecessariamente a usar gás lacrimogêneo e para responsabilizá-los”, acrescentou.
A organização cita diretrizes das Nações Unidas e da União Africana para sublinhar que o uso da força deve ser um último recurso para proteger vidas e de forma proporcional à ameaça.