Segundo o jurista e docente universitário, Manuel Didier Malunga, a mãe não tem poderes legais para impedir a realização do matrimónio, uma vez que o filho é maior de idade, mas lamenta não ter havido entendimento no seio da família.
A mãe do jovem João Matsinhe, tomou conhecimento este sábado (13 de Agosto), da realização do casamento do seu filho, no Palácio dos Casamentos, na cidade de Maputo e, de imediato dirigiu-se ao local na esperança de impedir, mas sem sucesso, uma vez que foi retirada da sala onde decorria a cerimonia solene.
Alguns testemunhos explicaram que a cerimónia só contou com a presença dos familiares da noiva, uma vez que nenhum membro da família Matsinhe foi convidado para o evento. Como resultado da confusão instalada no local, os noivos contraíram o matrimonio a porta fechada.
A mãe do noivo contou a TV Sucesso estar muito preocupada e agastada com a atitude do filho. “Este é meu filho, estou indignada, mas isto não vai terminar assim, ele vai pagar. A família Mota quer matar o meu filho”, lamentou a mãe.
Num outro desenvolvimento, a mãe do noivo contou que aquando da morte do seu marido, pai do noivo, confiou a este, o emprego que era do pai na África do Sul, tendo o João prometido na altura, continuar a dar assistência à sua mãe. “Ele não está a cumprir com a promessa”, lamentou a mãe, que promete tudo fazer para inverter a situação.
A mãe questiona quem representou a família Matsinhe na cerimónia do “lobolo” que teve lugar na sexta-feira (12 de Agosto). As duas irmãs mais novas do noivo, que acompanharam a mãe ao palácio dos casamentos, também manifestaram indignação pelo comportamento do irmão mais velho.
Esta situação está a levantar debates nas redes sociais, onde jovens e adultos consideram que independentemente do nível de contradições familiares, mãe é mãe. “Eu não tenho mãe, mas não acho correcto casar sem a presença da família. Uma mãe é uma bênção. É maravilhoso uma mãe levar o filho ao altar e entregar-lhe à mulher da sua vida”, disse S. Chauque, que convida outros jovens a respeitarem suas mães, independentemente dos conflitos que possam existir.
Uma outra jovem, A. Nicolete, afirma que não importa o quão a mãe esteja errada, o facto é que não existe ex-mãe, ex-pai ou ex-irmãos. “Esses são nossos familiares”.
O jovem F. Mazive, que também manifestou a sua indignação através das redes sociais, considera que esta situação mostra a burrice do noivo, “por mim, a família da noiva também não devia ter estado no casamento”, frisou.
- Alexandra, também comentou nos seguintes termos. “O que irritou-me foi ver e ouvir a tia da noiva a perguntar a mãe do noivo quem havia lhe chamado ao local e a chamar-lhe feiticeira”, desabafou a jovem, para quem isto constitui mão exemplo para a sociedade.
Os comentários de condenação a atitude do jovem e da família da noiva chovem de todos os lados.
Em termos legais a mãe não tem mandato para impedir o casamento
Segundo o jurista e docente universitário, Manuel Didier Malunga, a mãe não tem poderes legais para impedir a realização do matrimónio, uma vez que o filho é maior de 18 anos de idade, mas lamenta não ter havido entendimento no seio da família.
Malunga, acrescentou que trata-se de um assunto meramente moral e social. “O jovem foi ingénuo, porque cabia a ele lutar até se chegar ao meio termo”, disse Malunga, lembrando que família é coesão e é onde devem ser cultivados o diálogo e a entreajuda.
Segundo a Lei, a família é o elemento fundamental e a base de toda sociedade, factor de socialização da pessoa humana.