O conselheiro do Presidente malawiano para paz, reconciliação e unidade nacional e porta-voz do partido do Congresso do Malawi (MCP), Mauríce Muthali renunciou o cargo por alegado fracasso do Presidente do país, Lazaru Chekwera, no cumprimento das suas promessas eleitorais, uma das quais o combate a corrupção.
Segundo a imprensa malawiana e internacional, o antigo conselheiro apresentou duas cartas separadas de renúncia, uma dirigida ao Governo e outra ao partido MCP, nas quais aponta o crescente nível de corrupção no sector público e escândalos que se foram registando como factores que moveram-no a tomar a decisão de romper o compromisso com o Presidente Chakwera e o seu partido.
O então conselheiro explica nas duas cartas de renúncia que ao tomar esta decisão procura em parte proteger a imagem e a reputação do partido MCP e do Presidente Lazaro Chakwer. O porta-voz é um pastor e defende que o rumo em que a actual governação está a levar mexe com o seu chamado como homem de Deus, cujas intenções são benignas.
Diz ainda que o rumo dos acontecimentos não conduz o país a satisfação das necessidades do povo, aquém jurou servir ao assumir o papel de conselheiro. “A governação está muito aquém das espectativas dos malawianos que asseiam uma vida melhor”, disse.
Com esta última renúncia, somam três as figuras mais influentes do actual governo de coligação a afastar-se do Presidente Chakwera e do seu partido. O primeiro a renunciar foi o Presidente do Partido Aliança para a Democracia, um dos coligados no governo actual, alegando que o presidente não conseguia restaurar a economia do país. Seguiu-se então a renúncia do partido da Transformação do Povo, que abandonou a coligação liderada por Chakwera por não concordar com as políticas de Governação.
Chakwera que ascendeu ao poder em 2020 formou um governo de coligação com 14 ministros e dois vice-ministros pertencentes ao seu partido, o MCP, representando 51,6%, o Partido UTM do Vice-Presidente, Saulos Chilima, com seis membros, sendo 4 ministros e dois vice-ministros representando 19,4 %. O partido PP de Joice Banda, AFORD de Chakufa Chihana ( e as restantes formações coligadas com um ministério cada.
Reagindo as cartas de renúncia do conselheiro e porta-voz do partido governamental, o MCP convida-o a apresentar provas da alegada corrupção sobre as quais as entidades competentes vão seguir e responsabilizar os implicados. Chakwera lidera o partido que em 1964 levou o Malawi à independência sob a presidência de Hastings Banda e governou o país num sistema unipartidário até 1993 quando perdeu um referendo constitucional. No ano seguinte perdeu as eleições e esteve na oposição durante 26 anos.
Entretanto, em Janeiro de 2022, o Presidente Lazarus Chakwera demitiu todo o seu gabinete devido a denúncias de corrupção, jurando enfrentar todas as formas de conduta ilegal por parte dos funcionários públicos.
A decisão era em resposta a pressão da sociedade civil com dois grupos influentes, a Conferência Episcopal do Malawi e a Comissão de Assuntos Públicos, que inclui grupos eclesiásticos que atuam como fiscalizadores do Governo. Nessa altura, ambos os grupos expressaram preocupação quanto à indecisão do Presidente no combate à corrupção.