Segundo uma nota publicada ontem (terça-feira), na Presidência da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, deixa hoje o país a caminho de Moçambique para uma visita oficial de quatro dias, durante a qual irá a duas unidades da missão de formação militar da União Europeia (UETM).
A nota realça a “forte componente militar” desta visita oficial do Presidente da Rep’ublica Português, inicialmente prevista para janeiro e adiada devido à pandemia de Covid-19, que acontece a convite do seu homólogo Presidente Filipe Nyusi.
Esta será a terceira deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto chefe de Estado a Moçambique, onde fez a sua primeira visita de Estado, em maio de 2016, circunscrita à capital e arredores, e regressou em janeiro de 2021, para a posse de Filipe Nyusi após a sua reeleição como Presidente, ocasião em que, além de Maputo, foi à Beira.
O Estadista português chega a Maputo amanhã (quinta-feira) de manhã, e no mesmo dia será recebido por Filipe Nyusi no Palácio da Presidência, com honras militares. O programa desta visita inclui um outro encontro institucional, na Assembleia da República, com a respectiva Presidente, Esperança Bias.
No quadro da cooperação militar bilateral, “o Presidente português e Comandante Supremo das Forças Armadas irá visitar a Escola de Fuzileiros Navais, e, no quadro da cooperação militar europeia, o contingente nacional, nomeadamente dois centros de treino” da EUTM, no distrito da Katembe, na parte sul da baía de Maputo, e no Chimoio, na província de Manica.
A nota salienta, por outro lado, a “dimensão empresarial” desta visita, durante a qual Marcelo Rebelo de Sousa, juntamente com o Presidente Filipe Nyusi, irá inaugurar um empreendimento turístico do Grupo Visabeira, junto ao Índico, na Reserva Especial de Maputo.
Segundo o programa, os dois chefes de Estado vão também inaugurar a Academia Aga Khan em Moçambique, na presença do príncipe Rahim Aga Khan, líder espiritual dos ismaelitas, que escolheu morar em Portugal e tem nacionalidade portuguesa.
Na capital de Moçambique, “está igualmente previsto o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa visitar a Escola Portuguesa de Moçambique, bem como a Universidade Eduardo Mondlane para assinalar os 30 anos da cooperação entre a Faculdade de Direito desta instituição e a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e encontrar-se com a comunidade portuguesa”.
“A visita constitui também uma oportunidade para abordar um conjunto de temas relevantes nos planos bilateral e multilateral”, lê-se no comunicado.
Esta terça-feira, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa apontou como “justificação adicional” para esta visita o papel de Moçambique como “peça fundamental da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a sua visita a Moçambique será uma oportunidade para se falar do “enriquecimento da CPLP” e para uma “troca de pontos de vista” sobre a conjuntura global atual.
O programa da sua visita termina no domingo e o chefe de Estado português viaja para Portugal na segunda-feira de manhã.
Marcelo Rebelo de Sousa está pessoalmente ligado a Moçambique, que conheceu entre os 19 e os 20 anos, durante as férias dos estudos na Faculdade de Direito de Lisboa, durante o mandato do seu pai, Baltazar Rebelo de Sousa, como governador-geral (1968-1970) da então província ultramarina, em plena guerra colonial.
Duas décadas depois do 25 de Abril de 1974 e da independência de Moçambique em 1975, visitou o país em funções políticas, como presidente do PSD, ativo na defesa de uma política externa que desse primazia à relação com os países de língua portuguesa, em detrimento da Europa.
Na qualidade de professor universitário de Direito, deslocou-se frequentemente a Moçambique, para conferências e ações de intercâmbio académico, e chegou a fazer emissões dos seus programas de comentário televisivo a partir de Maputo.
Fonte: Presidência português.