Vivem na zona tampão do Parque Nacional da Gorongosa cerca de 200 mil pessoas, nomeadamente nas áreas de jurisdição dos distritos de Gorongosa, Nhamatanda, Dondo, Muanza, Cheringoma e Marínguè.
A Serra da Gorongosa localizada no distrito com o mesmo nome, na província central de Sofala, então epicentro da guerra civil de 16 anos e da última tensão militar em Moçambique, entre Governo e RENAMO, já está a ser alvo do projecto de restauração, no âmbito da implementação do processo da Paz e Reconciliação Nacional.
A iniciativa lançada nesta quinta-feira visa, essencialmente, garantir uma gestão regrada daquela vasta área de conservação do Parque Nacional de Gorongosa, que, no dia 16 de Julho de 2023, o líder da RENAMO, Ossufo Momad, procedeu a entrega da última arma de fogo ao Presidente da República, Filipe Nyusi, marcando o encerramento da última e 16a base, abrindo-se uma nova página do fim de conflito armado em Moçambique.
O administrador de Gorongosa, Pedro Mussengue, procedeu a abertura desta campanha de sensibilização com a entrega de 15 motorizadas aos líderes comunitários e 87 bicicletas aos facilitadores comunitarios e animadores.
Na circunstância, o governante chamou particular atenção da necessidade do engajamento comunitário para o apoio da implementação destas acções, que visam reduzir o desmatamento da Serra de Gorongosa para a conservação da biodiversidade florestal e do abundante recurso hídrico de que a zona se orgula ter.
Abordado telefonicamente pela Revista ÁGORA, logo pela manhã de hoje sobre o assunto, o administrador do Parque Nacional da Gorongosa, Pedro Muagura, sublinhou que se pretende, assim, que a medida seja permanente e abrangente de toda área da zona tampão da Serra da Gorongosa.
No fundo, indicou que tal visa garantir a continuidade da biodiversidade florestal, combatendo as queimadas descontroladas e preservação dos mais de 20 rios que nascem na Serra da Gorongosa e que alimentam a agricultura e da abundante fauna daquela estância turística.
Num passado recente, sobretudo na era de conflito armado, Muagura referiu que a Serra da Gorongosa sofreu duramente da desmatação de altos níveis de risco, caracterizando que a iniciativa agora em curso representa um verdadeiro “grito de socorro” para salvar a floresta e rios.
A Serra da Gorongosa, com uma extensão total de 388 quilómetros quadrados, possui três picos, cobrindo as comunidades de Kanda, Satungira e Tambarara, sendo que entre 700 e 1800 metros de altitude fazem parte do Parque Nacional da Gorongosa, conforme determinou o Conselho de Ministros, em 2010.
Abaixo daquela área pratica-se a agricultura itinerante, destacando-se a implantação de mais de um milhão de plantas de café, cuja produção alimenta o mercado nacional e o remanescente para exportação nos Estados Unidos da América e Inglaterra, cujos índices se situam actualmente em seis toneladas durante quatro meses.
Neste momento, vivem na zona tampão do Parque Nacional da Gorongosa cerca de 200 mil pessoas, nomeadamente nas áreas de jurisdição dos distritos de Gorongosa, Nhamatanda, Dondo, Muanza, Cheringoma e Marínguè.
O Parque Nacional de Gorongosa, localizado a cerca de 200km da cidade da Beira, concretamente ao longo da Estrada Nacional Número 1, possui uma extensão total de 3770km2.
