A estreia das velejadoras moçambicanas Maria Machava e Denise Parruque nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, que falhou na manhã desta quarta-feira, 28 de Julho, está em volta de um enredo com muitos capítulos ainda por esclarecer. É que novos factos que foram dados a conhecer pelo líder da equipa de vela de Angola, Nuno Gomes, revelam que não foi apenas o mau tempo que esteve por detrás da concretização do sonho que a dupla persegue há alguns anos, segundo justificou Francisco Mabjaia, ao LanceMZ.
Com efeito, em declarações ao RM Desporto, Nuno Gomes revela que as velejadoras moçambicanas chegaram tardiamente à cidade de Tóquio, concretamente nas vésperas do início da realização da prova 470 Radial que ocorreu nesta quarta-feira.
Nuno Gomes revelou que a “equipa feminina de Moçambique que se qualificou em Luanda para estar em Tóquio chegou ao Japão bastante tardiamente, apenas às três da manhã e não tiveram tempo para experimentar a embarcação, nem para descansar convenientemente”.
Segundo o LanceMZ apurou, as velejadoras só deixaram Maputo na sexta-feira, 23 de Julho, chegaram a Tóquio no sábado e acabaram por ficar retidas por conta do teste de despiste à COVID-19 a que foram submetidas à entrada do Japão. Do teste realizado, o treinador que as acompanhava acabou por ter resultado positivo o que obrigou a que fosse isolado, tendo as atletas sido apenas liberadas nas vésperas da realização da prova visto que tiveram resultados negativos à COVID-19.
A delegação angolana ainda tentou ajudar nos procedimentos inerentes à participação na prova, mas acabou por não ser o suficiente, segundo revelou Nuno Gomes.
“De facto, a história da ajuda não é mais do que aquilo que nós fazemos num meio entre desportistas, entre pessoas que mesmo que não se conhecessem se entre ajudam, há um espírito muito aberto, nesta caso para além de sermos povos irmãos conhecemos as atletas desde o tempo de optimista que elas participaram em competições com os nossos atletas e também porque o ano passado, em Janeiro de 2020, foram a Luanda fazer o Campeonato Africano que lhes valeu a qualificação e assistimos a sua evolução, pelo que ajudamos a levar o barco as medições porque as verificações técnicas foram realizadas no limite do tempo, até dia 26 entre as 14:30-15:00 Horas e elas não estavam cá”, explicou Nuno Gomes.
A ajuda angolana
Nuno Gomes revelou que devido ao facto de nem as atletas muito menos o treinador estarem no local da competição no momento da verificação do barco, foram os angolanos que fizeram esse exercício, na tentativa de viabilizar a participação na prova olímpica.
“O único treinador da equipa de Moçambique que orienta a atleta da classe Laser pediu-nos que fizéssemos a verificação por ele porque ele estava naquele momento em competição no mar. Fizemos esse favor porque não custa nada. Levamos o barco à verificação técnica, estivemos a montar algumas peças no barco para que fizéssemos esse exercício. Levamos o barco para o local onde se pesa com determinados aparelhos e equipamentos tal e qual deveria ir para o mar, colocamos os autocolantes na vela e no casco, o que nós, que cá estamos à uma semana, já o fizemos e que se faz quando se chega à mais tempo. Elas chegaram atrasadas imagino de devem ter sido razões válidas pelo que demos essa ajuda e daremos sempre que tal for possível, nunca esquecendo que estamos num ambiente aonde nós próprios também temos uma pressão enorme em termos competitivos e de preparação da embarcação, do dia de competição, reuniões entre os atletas e o treinador, aqui cada equipa é uma equipa, cada país está por si”, disse Nuno Gomes.
Com esta situação as velejadoras só entrarão em competição na manhã de hoje quinta-feira, nas já levam 42 pontos de atraso devido ao último lugar que foram atribuídas devido a não participação nas duas primeiras regatas da prova Radial 470.
(LANCEMZ)