A MAGNIFICA e estonteante aparição lado a lado numa conversa amena com sorrisos a mistura entre a Secretária de Estado e o governador da Zambézia, Judith Mussácula e Pio Matos, respectivamente, foi o melhor e o mágico momento de toda a cerimónia de galardoação de 201 veteranos de luta armada de libertação nacional, hoje, na cidade de Quelimane, por ocasião do 7 de Setembro dia da assinatura dos Acordos de Lusaka.
Desde a introdução dos órgãos de governação descentralizada, nunca os dois dirigentes tinham sido vistos numa relação afável como aconteceu hoje, a entrada para o ginásio da Escola Secundária e pré-universitário Filipe Jacinto Nyusi, onde mais de 280 pessoas aguardava pelo reconhecimento público daqueles que deram a sua juventude a troco da soberania moçambicana.
Os presentes não aplaudiram aquele lindo momento, mas os comentários nas bancadas eram de elogios pois, é desejo dos cidadãos daquela província que os dois governantes mantenham boa convivência para o bem da governação.
Mas não foi só isso que aconteceu, mesmo nos discursos para reconhecer os obreiros da nossa soberania, sentiu-se o alinhamento, como se antes, os dois governantes tivessem coordenado. Alguns presentes e participantes da cerimónia rogaram para que nos próximos tempos os dois se empenhem na desconstrução de um discurso que ao longo deste ano e meio deu a entender desavenças.O primeiro a falar foi Pio Matos que disse que os veteranos da luta armada são os obreiros da gesta libertária, pelo que devem transmitir as suas experiências e inspirar os jovens das Forças de Defesa e Segurança (FDS) que combatem o terrorismo em Cabo Delgado.
Considerou que as insígnias atribuídas aos combatentes da luta de libertação são apenas um reconhecimento simbólico, mas o país irá agradece-los eternamente.
Por seu turno, Judith Mussácula desafiou os veteranos a passar o testemunho, sublinhando que só com a união de todos será possível vencer o terrorismo e desenvolver a província da Zambézia o país, em geral.
Nós os zambezianos queremos ser os donos do poder
Lembre-se que no ano passado, numa das Sessões Ordinária da Assembleia Provincial da Zambézia (APZ), Pio Matos deixou alguns recados em torno da descentralização, sobretudo nesta altura em que o poder dos eleitos foi diluído por força da Lei. Ogovernador aproveitou-se da ocasião para soltar alguns recados em direcção ao poder central, que “cortou” pernas aos governadores de Província. “Nós os zambezianos queremos ser os donos do poder”.
O governador disse que o poder descentralizado significa entregar a quem foi eleito que o seu verdadeiro poder. “Não se pode falar de descentralização quando se depende de Maputo, isso não é descentralização”, desabafou.
“Temos fé que a Lei que o governo está preparar vai definir o que compete ao governo central e ao governo provincial”, disse, para depois acrescentar que “os nossos deputados estão cientes disso e acredito que vão fazer o trabalho”.