Dezenas de diplomatas provenientes de mais de 10 países africanos, que incluem Burundi, Lesotho, Malawi, Guine e Ruanda vão ser expulsos nas próximas semanas da África do Sul devido a um alegado “abuso de estatuto especial diplomático”.
Os diplomatas afectados por esta medida drástica usaram o seu estatuto especial para comprarem bebidas alcoólicas caras a preços baratos em diversas lojas de duty-free para revendê-las em suas respectivas residências ou nos bairros durante a vigência de confinamento contra coronavírus em que a venda de bebidas estava proibida pelo governo sul-africano.
Pelo menos 17 diplomatas do Lesotho e do Malawi foram dados 72 horas para abandonarem a África do Sul e declarados persona non grata pelo governo sul-africano.
Os diplomatas expulsos quinta-feira incluem Duwa Mutharika, filha do falecido presidente Malawiano, Bingu Wa Mutharika, e sobrinha de Peter Wa Mutharika, derrotado na segunda volta das eleições presidenciais de 2020.
O governo malawiano emitiu comunicado de imprensa sexta-feira reconhecendo que foi informado que alguns dos seus diplomatas abusaram dos seus privilégios diplomáticos e foram declarados persona non grata.
O comunicado acrescenta que o governo do Malawi transmitiu a sua lamentação à República da África do Sul pela conduta dos diplomatas identificados.
O Lesotho também emitiu comunicado distanciando-se do comportamento dos seus diplomatas na África do Sul.
Os referidos diplomatas são acusados de operarem “lojas” de bebidas caras nos quintais de suas residências na África do Sul, ganhando milhões de randes em dinheiro vivo, sobretudo em 2020 durante o confinamento geral do nível 5 de prevenção de COVID-19 no qual a venda de bebidas alcoólicas estava proibida na África do Sul por um período de cerca de três meses.
A cadeia de lojas Pick n Pay reportou perdas de mais de quatro mil milhões de randes por causa do banimento da venda de bebidas.
Mas os diplomatas compravam bebidas em diferentes lojas de duty-free a preço considerado barato como parte dos seus privilégios só que depois vendiam a preço lucrativo, custando a economia sul-africana mais de 100 milhões de randes por mês.
Investigadores do negócio descobriram como um Embaixador adjunto africano ganhou 36 milhões de randes em três meses por venda de bebidas espirituosas durante o período de lockdown – confinamento.
O porta-voz do Ministério sul-africano das Relações Exteriores e Cooperação, Clayton Monyela confirmou Sábado (12 de Junho) que o primeiro grupo de 17 diplomatas recebeu ordens para abandonar o país com as suas famílias em 72 horas findas as quais podem ser detidos. Monyela advertiu que a África do Sul perde 100 milhões de randes por mês devido ao negócio ilícito de bebidas por diplomatas.
O porta-voz afirmou que a expulsão está prevista na Convenção de Viena que estabelece relações diplomáticas entre estados.
A África do Sul tem estado atenta sobre o abuso de privilégios por parte de cidadãos dos países com os quais tem relações diplomáticas.
Há cinco anos alertou que havia muitos moçambicanos a usarem Passaportes Diplomáticos passando pela fronteira de Ressano Garcia para fazerem compras no território sul-africano.
Na mesma altura alertou sobre o abuso de documentos de emergência chamados salva conduta usados por moçambicanos.
A partir desses avisos, Moçambique apertou requisitos de emissão de Passaportes Diplomáticos e documentos de emergência para viagens. (Mais de 200 diplomatas).
Fonte: Sojornal