O ex-presidente da África do Sul Jacob Zuma excluiu, domingo, a possibilidade de rendição às autoridades, quando faltavam algumas horas para o fim do prazo estipulado pelo tribunal para se apresentar.
“ Não há necessidade de eu ir hoje (domingo) para a prisão”, afirmou o ex-Presidente da África do Sul, numa conferência de imprensa, no seu bastião, Kwazulu-Natal.
Zuma foi condenado, na terça-feira da semana passada, a 15 meses de prisão pelo Tribunal Constitucional por se ter recusado repetidamente a testemunhar em investigações de corrupção do Estado, em que alegadamente esteve envolvido.
Mas o tribunal aceitou no sábado um pedido do político para rever o seu julgamento, uma tentativa sua de evitar ser colocado atrás das grades pelo menos até uma nova audiência, marcada para 12 de Julho. “Eles não podem aceitar os papéis e esperar que eu me apresente na prisão”, afirmou Zuma, que até domingo à noite se deveria entregar numa esquadra. Caso contrário, a Polícia tinha instruções para o deter dentro de três dias e levá-lo para uma prisão onde começará a cumprir a sua pena.
Tecnicamente, a nova audiência não suspende a decisão do Tribunal Constitucional, que os especialistas em direito constitucional dizem ser “histórica” e não pode ser objecto de recurso. O tribunal disse que era “histórico” e que não podia ser objecto de recurso, segundo os peritos constitucionais: “Enviar alguém para a prisão sem julgamento é uma farsa de justiça”, referiu Zuma, na conferência de imprensa, acrescentando: “Enviar-me para a prisão no auge de uma pandemia, na minha idade, equivale a uma sentença de morte”.
O ex-Presidente de 79 anos tinha denunciado anteriormente uma violação dos seus direitos pelos juízes, considerando que o condenaram à morte, em frente de uma multidão reunida em torno da sua casa em Nkandla.
“Quando vi a Polícia aqui, perguntei-me como iriam chegar até mim, como iriam passar por todas estas pessoas”, disse o antigo Presidente aos seus apoiantes, que cantavam o seu nome enquanto ele aparecia no palco.
“Se a Polícia vier aqui para prender Ubaba (o pai, em Zulu), terá de começar por nós”, disse Lindokuhle Maphalala, um dos seus apoiantes, à agência de notícias francesa AFP.