O Vice-presidente de transição no Mali, o coronel Assimi Goita, anunciou ontem que demitiu o seu superior, o Presidente Bah Ndaw, bem como o primeiro-ministro, Moctar Ouané, assegurando que “o processo de transição continua o seu curso” e que haverá eleições em 2022.
Numa declaração lida na televisão nacional, Goita, que liderou o golpe militar de Agosto de 2020, que derrubou Presidente eleito Ibrahim Boubacar Keita, tentou dar uma ideia de normalidade, convidando o povo maliano a “continuar livremente com as suas ocupações”.
O coronel insistiu no “compromisso infalível” das Forças Armadas do Mali em defender a segurança do país, mas não indicou pormenores sobre o paradeiro do Presidente Ndaw e do primeiro-ministro Ouané, detidos na segunda-feira.
Após várias horas de expectativa desde a detenção de Ndaw e Ouané, o comunicado do vice-presidente Goita explica que as razões desta acção resultam de uma “crise de muitos meses ao nível nacional”, em referência às greves e várias manifestações convocadas no país por actores sociais e políticos.
A detenção de Ndaw e Ouané ocorreu horas após o anúncio da composição de um novo governo, formado pelo primeiro-ministro, o que, segundo várias fontes, causou desconforto entre os líderes do golpe de Agosto passado, pela exclusão de dois comandantes militares.
O coronel Goita culpou Ndaw e Ouané pela formação de um novo governo, sem o consultar previamente, apesar de ser o responsável pela Defesa e Segurança, áreas cruciais no país.
“Tal movimento demonstra um claro desejo por parte do Presidente e do primeiro-ministro transitórios de violar a carta transitória (…), com uma clara intenção de sabotar a transição”, disse.
Goita disse que, neste contexto, foi “obrigado a agir” e a destitui-los.
CONDENAÇÃO INTERNACIONAL
A comunidade internacional condenou “veementemente” o golpe, pedindo que a transição política no país prossiga sem quaisquer entraves.
Em comunicado conjunto, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a União Africana (UA) e a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali (MINUSMA), assim como outros países, como, por exemplo, França, o Reino Unido, os Estados Unidos, a Alemanha e a União Europeia expressaram “profunda preocupação” pela situação no Mali.
Igualmente, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou ontem à “calma” no Mali e pediu a “libertação incondicional” dos seus líderes civis. – (LUSA)