Um grupo de indivíduos não identificados, alguns dos quais falavam em espanhol, atacou hoje, (07 de Julho), a residência privada do presidente do Haiti, Jovenel Moise, ferindo-o mortalmente.
A primeira-dama, Martine Moise, levou um tiro e morreu horas depois em um hospital da capital. Jovenel tinha 53 anos e Martine, 47.
O anúncio desta tragédia foi feito pelo primeiro-ministro cessante, apelando à população para manter a calma e indicando que a polícia e o exército assegurarão a manutenção da ordem.
Em comunicado à nação, Joseph afirmou que o assassinato de Moise foi um “ato odioso, desumano e bárbaro”. “Um grupo de indivíduos não identificados, alguns dos quais falavam em espanhol, atacou a residência privada do presidente da República” por volta da 1h e “feriu mortalmente o chefe de Estado”.
As línguas oficiais do país são francês e crioulo haitiano. Ele pediu à população “que se acalme” e afirmou que “a situação da segurança no país está sob o controle da Polícia Nacional haitiana e das Forças Armadas do Haiti”. “Todas as medidas estão sendo tomadas para garantir a continuidade do Estado e proteger a nação”.
O aeroporto internacional de Porto Príncipe foi fechado após o assassinato, segundo fontes diplomáticas. Vários voos regulares para o aeroporto da capital haitiana foram cancelados ou desviados para terminais noutros países, embora nenhuma autoridade tenha confirmado o encerramento do aeroporto.
A República Dominicana fechou a sua fronteira com o Haiti. O Presidente dominicano, Luis Abinader, ordenou também o reforço da vigilância na área.
Vindo do mundo dos negócios, Jovenel Moise, 53 anos, foi eleito Presidente em 2016 e assumiu o cargo a 7 de fevereiro de 2017. O Haiti, a nação mais pobre do continente americano, regista problemas económicos, políticos, sociais e de insegurança, nomeadamente com raptos para a obtenção de resgates realizados por gangues que quase sempre ficam impunes.
O país ainda tenta recuperar do devastador terramoto de 2010 e do furacão Matthew em 2016. A inflação tem aumentado e os alimentos e combustível escasseiam no país das Caraíbas com mais de 11 milhões de habitantes, 60% dos quais ganha menos de dois dólares (1,69 euros) por dia.
A situação levou Moise a ser acusado de inação e a enfrentar uma forte desconfiança de boa parte da sociedade civil. Num contexto que fazia temer a anarquia generalizada, o Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos e a Europa apelaram à realização de eleições legislativas e presidenciais livres e transparentes até ao final de 2021.
Jovenel Moise tinha anunciado na segunda-feira (05.07) a nomeação de um novo primeiro-ministro, Ariel Henry, precisamente com a missão de realizar eleições no país.
Moise dissolveu o Parlamento e governava por decreto há mais de um ano, após o país não conseguir realizar eleições legislativas, e queria promover uma polêmica reforma constitucional.
A oposição o acusava de tentar aumentar seu poder, inclusive com um decreto que limitava os poderes de um tribunal que fiscaliza contratos governamentais e outro que criava uma agência de inteligência que respondia apenas ao presidente.
Ele dizia que ficaria no cargo até 7 de fevereiro de 2022, em uma interpretação da Constituição rejeitada pela oposição. Para eles, o mandato do presidente havia terminado em 7 de fevereiro deste ano.
Em fevereiro, autoridades do país disseram ter frustrado uma “tentativa de golpe” de Estado contra o presidente, que também seria alvo de um atentado malsucedido.