OS terroristas que estão a desgraçar os distritos do norte de Cabo Delgado não traduzem os valores do Islão e não representam a comunidade muçulmana, nem a nível nacional nem internacional, pois dentre outros vários princípios, esta religião prega a paz e concórdia.
Segundo o Presidente da República, Filipe Nyusi, que falava em Maputo por ocasião do Dia da Mulher Moçambicana, o principal objectivo ao propalar a sua ligação com a comunidade muçulmana é de dividir os moçambicanos e, por essa via, fragilizar a luta contra este mal.
De acordo com o estadista, os muçulmanos de Cabo Delgado e de todo o país são também vítimas do terrorismo.
“Eles também estão indignados com as atrocidades dos terroristas que, de forma brutal, matam pessoas indefesas”, disse Filipe Nyusi.
O Chefe do Estado explicou que, segundo experiência internacional, a solução do problema do terrorismo leva o seu tempo, “por isso é fundamental termos paciência e serenidade”.
Segundo disse, mais do que grandiosas declarações, as vítimas em Cabo Delgado, precisam de acções firmes, solidariedade e paz para que o regresso às suas casas seja feita de forma segura.
Já o académico Manuel Macia que falava num dos programas televisivos, explicou que 2017 foi o marco de violência na província de Cabo Delgado, usando um tipo de terrorismo que aproveita algumas anuências religiosas para se afirmar.
Para este académico, olhando para aquilo que aconteceu no Sahel e no Iraque, há um padrão muito claro de como é que esses movimentos vêm crescendo.
“O nosso Estado tem uma característica própria de lidar com questões religiosas, por ser laico e, eventualmente por isso, não se prestou atenção até o problema crescer”, disse Macia, salientando que a falta de real dimensão do problema levou o Estado moçambicano a atribuir vários termos, primeiro malfeitores, depois insurgentes e finalmente terrorismo.
Para o académico, como terrorismo já se pode comparar a outros movimentos internacionais mas, infelizmente, a dor já está instalada, restando a todos os moçambicanos abraçarem o movimento de solidariedade para com as vítimas.
Desde que iniciaram os ataques armados em Cabo Delgado, os terroristas já invadira muitos distritos do norte e centro da província como Mocímboa da Praia, Macomia, Nangade e, recentemente, Palma, tendo provocado a morte de mais de duas mil pessoas e cerca de 700 mil deslocados.
Vários analistas atentos à questão de Cabo Delgado acreditam que os terroristas atacam distritos estratégicos para poderem criar grandes dificuldades à implantação dos projetos de gás e petróleo.