O Professor Catedrático Brazão Mazula, comparou o corrupto a uma mosca que denuncia algo podre, aquele que não se contém quando se apercebe que numa certa instituição circula uma soma de dinheiro e, não perde oportunidade para estar nas negociações de grandes projectos de investimento. “A mosca é uma espécie de um terrorismo que vai matando aos poucos”, defendeu o Professor Mazula.
Brazão Mazula que foi palestrante num encontro havida esta semana em Maputo, organizado pela Comissão Central da Ética Pública, uma entidade que tem como missão dirimir e declarar conflitos de interesses de diversas figuras ligadas ao Aparelho do Estado, chamou à responsabilidade da escola na educação de valores, ciência, dignidade e respeito ao bem público.
Para Mazula, a escola tem a responsabilidade de formar mente sã em corpo são, e velar pela educação integral aos seus cidadãos para não se desaguar na corrupção.
O antigo e primeiro presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), apontou a corrupção como um dos malefícios que ainda graça o país, prejudicando a função pública e retarda o desenvolvimento do país.
Este académico elencou a corrupção a cinco níveis, usando como analogia animais aquáticos e terrestres, a destacar: corrupção magumba; corrupção garoupa; corrupção polvo; corrupção mosca; e corrupção tubarão.
De acordo com Mazula, corrupção magumba é de pequena monta, mas no final do dia prejudica todo o sistema e o sector só se apercebe quando os prejuízos tornam-se visíveis, é um nível de pequenez mental. “Os funcionários que vão tirando lâmpadas, uma lata de tinta, autoclismo, um saco de cimento para beneficiar a sua auto-construção. É o caso daqueles dirigentes que por vingança arquivam os processos para a promoção dos seus subordinados recorrendo a tribo, região ou religião.”
Segundo Brazão Mazula, alguns corruptos assemelham-se à garoupa, um peixe que se alimenta de outros peixes, actua sozinha, perseguindo as suas prezas. “São os funcionários que procuram encobrir com certas artimanhas o desvio de bens de valor que subtraem do erário público, são difícil de apanhar, pois são de várias espécies como a garoupa do mar”, disse, salientando que não é tarefa fácil para as autoridades apanhar estes funcionários, uma vez que navegam em águas profundas de corrupção.
O palestrante chamou à responsabilidade da escola na educação de valores, ciência, dignidade e respeito ao bem público, formar mente sã em corpo são, e velar pela educação integral aos seus cidadãos para não se desaguar na corrupção apelidada de corrupção tubarão, que são aqueles funcionários que acumulam vários cargos como se não houvesse no país pessoas competentes.
Os problemas de corrupção, segundo Mazula, são notáveis e prejudicam o desenvolvimento da administração pública e consequente falta de confiança do cidadão ao servidor público.
Disse que é o caso da corrupção polvo, que parece manso e inofensivo e a sua bravura está nos seus tentáculos, que são os cabecilhas da corrupção, são ardilosos e matreiros, procurando envolver funcionários de outros sectores para não aparecerem sozinhos.
Estes, segundo Brazão Mazula, usam seus tentáculos para o desvio de altas somas do erário público e, geralmente não são funcionários de baixo escalão, como no polvo que quem come a presa não são os tentáculos, mas os mandantes.
De acordo com Brazão Mazula, alguns dos funcionários só se espantam quando são solicitados no tribunal para o julgamento. No seu entender, a solução reside na educação baseada em valores, com o envolvimento de toda a sociedade, incluindo família, escola, religião e o Estado.
O académico, chama a justiça a estar sempre na vanguarda de combate a corrupção para não se chegar a mais alta da traição do Estado.
A palestra que contou com a participação de figuras políticas, judiciárias, académicas e sociedade civil discorreu sobre o tema: “Integridade e transparência no serviço público: o desafio para a satisfação do cidadão”.
A palestra do Professor Brazão Mazula foi uma lição que, certamente, merece ser partilhada até chegar ao Tubarão, Magumba, Garoupa, Polvo e Mosca.