A ré, de 43 anos de idade, esposa do co-réu Gregório Leão, antigo director-geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE ), será interrogada amanhã e é acusada de se ter beneficiado de nove milhões de dólares em subornos, pagos pela Privinvest, de Jean Boustani.
Uma das arguidas no processo das dívidas ocultas “roubou” esta quarta-feira, a atenção dos assistentes na tenda da BO, onde decorre o julgamento, após o término da sessão de julgamento, não só por ter sido muito citada pelo réu Fabião Mabunda, mas pela sua indumentária que nos remetia a uma top-model.
Ângela Leão estava de uniforme da cadeia, cor de laranja, mas de forma anormal para uma ré. Apesar de altas temperaturas que se faziam sentir, Ângela trazia um sobretudo branco e calçava sapatos de salto alto que, nalgum momento, criaram-lhe dificuldades para entrar no carro celular, que transporta os réus.
A ré foi várias vezes citada por Fabião Mabunda, cujo seu interrogatório terminou ontem (14 de Setembro). Este, que preferiu contornar as perguntas da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), para a maioria das questões respondeu disse que não se recordava.
O réu afirmou que o dinheiro que recebeu é da Privinvest, razão pela qual não vê a obrigatoriedade de devolver ao Estado os mais de 387 milhões de meticais que entraram na conta da sua empresa M Moçambique Limitada, no contexto das dívidas ocultas, calculadas em 2.2 mil milhões de dólares norte-americanos.
o réu alegou que recebeu o valor por força de contratos assinados com a Privinvest. A quantia viria a ser movimentada por instruções da co-ré Ângela Buque Leão, esposa de Gregório Leão, antigo director-geral do SISE, como ele confirmou em sede do Tribunal.
Por ter participado nesta operação, que igualmente não admite ter sido fraudulenta, o réu afirmou que ganhou 0.4 por cento do valor que entrou na sua conta.
“Não estou arrependido por ter recebido dinheiro da Prinvivest e nem sei por que razão afirmam que lesei o povo moçambicano, quando não recebi esses valores do Estado”, disse.
Fabião Mabunda, confirmou na sua audição que recebeu, através da sua empresa M Moçambique Limitada, 387.7 milhões de meticais da Privinvest, destinados à família Leão e que, por ordens de Ângela Leão, procedeu ao seu levantamento, pagamento e transferência para diversas entidades.
Ângela Leão vai responder por crimes de falsificação de documentos, abuso de confiança, associação para delinquir e branqueamento de capitais.