Dívidas ocultas: Ângela Leão apresenta contradições nas suas respostas

O Ministério Pública, apresentou hoje (17 de Setembro), evidências que obrigaram a Ângela Leão a falar e por várias vezes a entrar em contradições com as provas e intervenções do réu Fabião Mabunda, que a representava em negócios de construção e compra de imóveis.

No total foram feitas a ré Ângela Leão 133 questões, sendo 80 do Ministério Público e 53 do assistente (Ordem dos Advogados). Muitas delas tiveram como resposta: “Não vou responder” ou então que não conhecia a pessoa ou o assunto.

A digna Magistrada perguntou quem é que me representa neste negócio e eu disse que não queria responder”, disse a ré salientando que o seu problema é ojeito como a digna Magistrada se dirige a ela, parecendo ter toda a certeza das suas afirmações.

Ângela Leão voltou a questionar ao Tribunal sobre a sua presença naquele tribunal, insistindo que não seria ela que devia ser interrogada, mas sim o seu esposo, Gregório Leão que é funcionário do SISE. Que me provem que na nossa partilha de cama falamos das dívidas ocultas”, questionou.

Segundo a ré, apesar de não perceber o significado de crime peculiar”, procurou ler e percebeu que o Ministério Pública acusa-lhe de ter praticado este crimepartilhar a cama com Gregório Leão, funcionário do SISE.

Mas o Juiz explicou que

Essencialmente, o Ministério Público pretendia compreender o circuito distorcido e informal em que circulava o dinheiro que a ré é acusada de ter se beneficiado no rombo e compreender as origens do enorme património da ré.

Ângela Leão movimentava grandes somas em numerário. Passou valores para familiares, comprou imóveis, transferiu somas para às empresas de sua pertença, entre outras operações.

Desde que o julgamento das chamadas dívidas ocultas começou, em 23 de agosto, 10 réus foram ouvidos pelo tribunal, de um total de 19 que são acusados de diversos crimes, com destaque para associação para delinquir, tráfico de influência, corrupção passiva para ato ilícito, branqueamento de capitais, peculato, abuso de cargo ou função e falsificação de documentos.

O Ministério Público moçambicano acusa os 19 arguidosde se terem associado em “quadrilha” e delapidado o Estado moçambicano em 2,7 mil milhões de dólares (2,28 mil milhões de euros) – valor apontado pela procuradoria e superior aos 2,2 milhões de dólares até agora conhecidos no caso – angariados junto de bancos internacionais através de garantias prestadas pelo Governo.

As dívidas ocultas foram contraídas entre 2013 e 2014 junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.