O réu, amigo de Ndambe Guebuza é acusado de receber da fraude um total de 8.5 milhões de dólares.
Bruno Evans Tandane Langa, 44 anos de idade, é o quarto réu do caso das dívidas não declaradas a ser ouvido hoje no prosseguimento do julgamento que decorre na Penitenciária de Máxima Segurança da Machava, vulgo BO.
Depois de cumprido ontem o primeiro dia reservado a descanso, as audiências de produção de prova retomam com o interrogatório do réu acusado de receber da fraude um total de 8.5 milhões de dólares, ou seja, aproximadamente 544 milhões de meticais.
Bruno Langa é acusado de crimes de chantagem, falsificação de documentos, uso de documento falso, abuso de confiança, posse de duas armas proibidas, associação para delinquir, corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais.
A sua audiência poderá esclarecer alguns dados em discussão no processo, como é o caso das dúvidas persistentes se terá sido ele que levou o projecto de monitoria e protecção da zona económica exclusiva das mãos de Teófilo Nhangumele e entregou a Armando Ndambi Guebuza que, por sua vez, o fez chegar e influenciado à aprovação do mesmo por parte do seu pai e Presidente da República, Armando Guebuza.
Na sua audiência, Teófilo Nhangumele disse que entregou o projecto a Bruno Langa para fazer chegar a Ndambi Guebuza. Por outro lado, Ndambi Guebuza negou ter recebido o projecto de Bruno Langa para fazer chegar às mãos do seu progenitor e Presidente da República para acelerar a sua aprovação.
Igualmente, reside em Bruno Langa expectativas de melhores esclarecimentos em torno das viagens efectuadas a Alemanha e a Abu Dhabi. Teófilo Nhangumele disse que viajou na companhia de Bruno Langa, Ndambi Guebuza e António Carlos do Rosário para estes dois pontos a fim de visitar os estaleiros da Privinvest. Contudo, quando ouvido pelo tribunal, Ndambi Guebuza negou tal facto, tendo dito que apenas foi com Bruno Langa, seu amigo de longa data, e que não se recordava de o ter feito com os restantes co-réus e, igualmente, de ter visitado com eles os empreendimentos daquela construtora naval.
Por seu turno, o antigo director de Estudos e Projectos do Serviço de Investigação e Segurança do Estado (SISE), Cipriano Mutota, que foi o primeiro réu a ser julgado, afirmou nas primeiras declarações que o projecto da protecção marítima da Zona Económica Especial, que deu origem ao calote das chamadas dívidas ocultas, estava avaliado em 360 milhões de dólares, e não tem conhecimento sobre as razões que levaram o custo final a atingir os dois mil milhões de dólares.
Mutota revelou terem sido o director do SISE, Gregório Leão, juntamente com o seu amigo Teófilo Nhangumele, os cérebros da criação da Proíndicus, o estudo de viabilidade apontava que o valor citado haveria de custear a aquisição de todos os meios necessários para garantir o funcionamento da empresa e garantia de todos os serviços a que se propunham disse na sua audição pelo Tribunal.
Segundo contou, o projecto teve momentos de indefinição no processo da aprovação pelas autoridades moçambicanas e foi daí que entraram em cena os lobistas do esquema, nomeadamente, Teófilo Nhangumele e Bruno Tandane, que chegaram a Ndambi Guebuza, filho do então Chefe de Estado, para influenciar o pai, a agilizar as decisões.
Na mesma audiencia, Mutota disse que depois que o “trio” Ndambi Guebuza, Teófilo Nhangumele e Bruno Tandane Langa, terem recebido 50 milhões de USD por ter conseguido ok do antigo Presidente da República, Armando Emílio Guebuza , para que o negócio fosse avante, o grupo não informou Mutota, que confiava em Nhangumele, de quem era amigo e antigo colega da faculdade, no ISRI.
Disse que foi através de uma conversa com Ângela Leão, esposa de Gregório Leão, na altura Director do SISE, que Cipriano Mutota ficou a saber que a Privinvest afinal já tinha desembolsado o valor.