O Governo moçambicano disse há dias que o caso do desaparecimento de um jornalista do Ruanda que estava refugiado em Maputo está a ser tratado pelo Serviço de Investigação Criminal.
“Também tomámos conhecimento do desaparecimento desse cidadão ruandês”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, António Muchave, em conferência de imprensa.
No entanto, o assunto está fora da alçada do Ministério: “não temos muito a dizer, porque é um assunto que está a ser tratado pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal”.
As autoridades estão a realizar diligências visando a localização do jornalista, acrescentou.
Ntamuhanga Cassien, que residia na ilha de Inhaca, Maputo, foi levado em 23 de maio “por oito indivíduos desconhecidos que se apresentaram como agentes da Polícia da República de Moçambique”, num grupo que incluía outro cidadão do Ruanda “que se expressava na mesma língua local do visado”, segundo a Associação dos Ruandeses Refugiados em Moçambique, que denunciou o caso.
Contactadas pela Lusa, as autoridades moçambicanas têm-se demarcado desta detenção, e o advogado do jornalista não conseguiu ainda falar com ele, nem saber do seu paradeiro.
A associação de ruandeses, com o apoio do advogado, submeteu o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR).
O acontecimento fez renascer receios de uma campanha de perseguição movida pelo Governo de Paul Kagame contra opositores políticos exilados, na sequência do genocídio de 1994 no Ruanda, disse à Lusa o presidente da associação, Cleophas Habiyareme.
Kagame é apontado como um dos promotores do desenvolvimento do país após a perseguição a tutsis naquele ano, mas o chefe de Estado é também acusado de limitar a liberdade de expressão e de reprimir a oposição. (LUSA)