O investigador da ONG Observatório do Meio Rural (OMR), João Mosca, denuncia ainda que o Governo impede ONG de distribuir apoio, ação permitida apenas as instituições públicas e Exército.
Estima-se que o terrorismo no norte de Moçambique fez cerca de 800 mil deslocados internos. Faltam ao Governo recursos para apoiar esse grupo, mas privados, associações e orgnizações não governamentais e internacionais têm prestado a assistência humanitária, colmatando um pouco as dificuldades do Executivo.
Com o tempo, vários fenómenos vão nascendo nos campos que acomodam os deslocados. O investigador João Mosca, conta alguns, por exemplo, que existem famílias deslocadas na província de Cabo Delgado a registarem-se mais do que uma vez para receberem ajuda. O objetivo é colocar os produtos oferecidos no esquema de corrupção.
Falando a DW, Mosca disse que os números de deslocados oficialmente referidos são superiores àqueles que podem ser efetivamente, considerando a população existente em Cabo Delgado, entre distritos e localidades. “Se somarmos a população existente antes do conflito e aqueles que hoje dizem que permancem nos seus locais, que não foram afetados pelo conflito, a soma é muito superior a soma que estes locais possuem. Isso signifca que há pessoas a registarem-se em mais do que um sítio com as suas famílias a fim de receberem mais alimentos do que receberiam em casos de famílias individuais”, explica, acrescentando que daí pode se gerar todo um processo de negócio que já está a acontecer entre os próprios deslocados de guerra.
Segundo Mosca, este fenómeno não só acontece por parte da população, já foi detetado há algum tempo. Mosca disse não ser um caso atípico, porque em outras situações, por exemplo de calamidades, infelizmente muito comuns em Moçambique, as próprias instituições públicas responsáveis por acudir a população em condições de choques ambientais fortes, agora em situação de conflito, deveriam ter conhecimento da possibilidade destes fenómenos.