Em relação ao destino do valor recebido Ndambi respondeu categoricamente que não queria “falar dos seus negócios com Boustani nem da aplicação dada ao dinheiro”.
Armando Ndambi Guebuza, de 44 anos de idade, está no banco dos réus desde ontem, para se defender dos crimes de que é acusado, negou qualquer envolvimento no caso das dívidas ocultas no início da sua audição no julgamento, que entrou nesta segunda-feira, 30 de Agosto, na sua segunda semana.
De acordo com a acusação do Ministério Público, o filho de antigo Presidente da República, Armando Guebuza, recebeu 33 milhões de dólares de subornos.
Da extensa lista de compras exorbitantes do Ndambi Guebuza constam “a aquisição de 15 viaturas de luxo, algumas oferecidas à sua companheira e amigos próximos, residências em zonas nobres da África do Sul, bem como o pagamento de viagens faustosas, parte delas feitas de aeronaves fretadas”.
Dentre as viaturas de luxo de marcas conta BMW, Range Rover, McLaren, Maserati, Rolls Royce e Ferrari.
Ndambi é acusado de ter recebido várias somas monetárias através de empresas por si identificadas na África do Sul, e por via de uma conta bancária aberta em seu nome, em Abu Dhabi. Os valores foram cobrados a título de suborno por ele ter facilitado os empréstimos ilegais, para as empresas PROÍNDICUS, EMATUM e MAM, com garantias do Estado.
Mas Ndambi Guebuza negou qualquer envolvimento com o projecto da Zona Económica Exclusiva (ZEE), através do qual foi concretizado o calote dos 2,2 mil milhões de dólares avalizados pelo Estado.
Segundo a acusação, tudo teria começado com o recebimento de 14 milhões de dólares do Grupo Previnvest, na sua conta 10045906311001, domiciliada no Abu Dhabi Comercial Bank, no dia 26 de Março de 2013. Pelo Grupo Previnvest, Ndambi Guebuza recebeu outros valores de subornos pagos pela mesma firma, através da Jouberts Attorneys e Pam Golding Properties, todas da África do Sul, contratadas pelo arguido para o assistirem.
A 23 de Dezembro de 2014, a Jouberts Attorneys recebeu da Previnvest, um total de R18.966.000 (dezoito milhões, novecentos e sessenta e seis mil randes) no interesse de Ndambi Guebuza, que no mesmo dia ordenou transferências para Justin Devaris (10 milhões de randes), Delacovios Interior Desing (5 milhões de randes), Mike Tutti (230 mil randes), Saxou Hotel (420 mil Randes) e Imperial (um milhão de randes).
Ainda do mesmo valor de 18 milhões de randes recebido, a Jouberts Attorneys transferiu a pedido de Ndambi Guebuza, 100 mil randes à Salva da Tristeza Salvador Dembele. Pelos serviços prestados de gestão do valor do arguido Ndambi Guebuza, a Jouberts Attorneys deduziu a seu favor o montante de 94.830 randes.
No dia 30 de Dezembro de 2014 foi creditada na conta da Jouberts Attorneys a quantia de R31.611.446,00 (trinta e um milhões, seiscentos e onze mil, quatrocentos e quarenta e seis randes), no interesse de Armando Ndambi Guebuza.
Depois de receber, a firma efectuou pagamentos no dia 7 de Janeiro de 2015, às seguintes entidades: Justin Devaris (R20.150.000,00), Delacovios Interior Desing (R5.401.733,00), Imperial Collection (R929.400,00) e Rani Resorts (R366.800,00).
Para a empresa FlyJests Tream Aviation foram transferidos R515.222,00 para fretar uma aeronave do tipo “challenger”, por quatro dias, da África do Sul para a praia de Vilanculos, província de Inhambane, onde Ndambi Guebuza estava acompanhado por pessoas das suas relações, nomeadamente, Annouk Fátima Fumane, Marcelino Faquene Nhambire, Yumanina de Maida Mussane, Deotília Almeida Zefanias, Elma Mamela Magaia, Mariamo Assuede Rachide, Salva da Tristeza Salvador Dembele e Nuno Simão Sofar Mucavele.
Ndambi Guebuza ordenou ainda transferências a partir da conta da Jouberts Attonrneys para o Hotel Marion – Nichol (R445.706,00), Justin Devaris (200 mil randes), Premium Insurence (15 mil randes), Loius Vuitton (47 mil randes), Desing Venter (R66.937,00), Za Online (R92.502,00), Salva da Tristeza Salvador Dembele (40 mil randes), LG Mabote (10 mil randes), Mbali Pearl Shinga (10 mil randes), Draho Investement (R1.489,00) e BM Joaquim Júnior (65 mil randes).
No mesmo dia 22 de Julho de 2015, a Jouberts Attorneys recebeu da Forex, no mesmo âmbito, a quantia de 8.776.251 (oito milhões, setecentos e setenta e seis, duzentos e cinquenta e um randes), no interesse do arguido Ndambi Guebuza. Naquele mesmo dia, transferiu a favor de Honsha, um valor de R3.546.000,00 (três milhões, quinhentos e quarenta e seis mil randes).
A JOUBERTS Attorneys transferiu ainda dinheiro sob orientação de Ndambi Guebuza para as seguintes entidades: Intra Trading (R1.750.000,00), Prism Sky Trading (R679.900,00), Nuno Mucavele (R632.925,00), Saxou Hotel (R848.714,00), Salva da Tristeza Salvador Dembele (120 mil randes), Shale Mussa (300 mil randes), Imperial Motors (R293.900,00), Dainglen Valley (R102.428,00), Eskon (R23.342,00), Alan Levy (R12.945,00), Kehoa (R44.312,00), Mbali Shinga (30 mil randes), Patience Tsuma (20 mil randes), Sandton (46 mil randes) e Council (R10.048,00).
Na mesma esteira, por orientação de Ndambi Guebuza, no dia 9 de Dezembro de 2013, o Grupo Previnvest transferiu da sua conta para a empresa Pam Golding Properties, domiciliada no Banco Stardand Bank, na África do Sul, o montante de 800 mil dólares. Por instrução de Ndambi Guebuza a Pam Golding Properties transferiu R7.053,00 para a Apple Creek Real Estate Trust. Esta empresa aplicou os valores no interesse de Ndambi Guebuza, onde foram transferidos três milhões de randes para a Nochumsoth Teper Attorneys para compra de uma propriedade a favor da Valentina Guebuza, sua falecida irmã.
Para não despertar atenção no sistema financeiro, no lugar de pagar o valor em causa de uma única vez, o mesmo foi fraccionado em três parcelas iguais de um milhão de randes. Ainda por instrução de Ndambi Guebuza, a Apple Creek Real efectuou as seguintes transações: MJ Tutti (R84.500,00), Clee (30 mil randes), Rivonia Toyota (R726.201,00), Daytona Group, vocacionada à venda de viaturas de luxo (300 mil randes), B. Gilbert Refound Paymet (R11.360,00), Eskon (R10.332,00), City of Joburg (R27.810,00), Tokologo Legwale (180 mil randes), Vigliette Motors (350 mil randes) e Delacovis Interior Desing (300 mil randes).
No dia 23 de Abril de 2014, o Grupo Previnvest transferiu R10.499.853,00 (dez milhões, quatrocentos e noventa e nove mil, oitocentos e cinquenta e três randes) para a conta da Pam Golding Properties no interesse do arguido Ndambi Guebuza. Com o valor recebido a título de suborno, o arguido adquiriu, adicionalmente, pelo menos, 15 viaturas na África do Sul, algumas para uso pessoal e outras para oferecer.
Trata-se de Ferrari (R4.105.500,00); Rolls Royce; BMW X5 para o seu amigo Marcelino Faquene Nhambire; BMW X6 para a sua companheira Anouuk Fumane; Ferrari F12 ao preço de R6.140.500,00; Land Rover Discover ao preço de 886.910 e oferecida a Joaquim Viagem; Land Rover Discover, no valor de aproximadamente 800 mil randes, em 2015, presenteada a Nuno Simão Sofar Mucavele; Land Rover, modelo Range Rover, oferecida a Deotílio Almeida Zefanias, em 2015; Aston Martin Vanquisn, no valor de R4.400.000,00; Mclarem no valor de 950 mil randes; Rolls Royce ao preço de sete milhões de randes; Maserrati ao preço de R1.790.294,00; BMW e Ferrari.
Na acusação definitiva do Ministério Público contra os envolvidos nas dívidas não declaradas, Ndambi Guebuza é apontado como sendo o que ficou com a maior fatia do dinheiro apossado ilicitamente. Ao todo foram 33 milhões de dólares, pagos a título de subornos pelo Grupo Privinvest, como forma de viabilizar o processo que deu lugar à assinatura de contratos das empresas PROÌNDICUS, EMATUM e MAM, com garantias do Estado. (Palmira Zunguze, Moz24h)
De acordo com Teófilo Nhangumele, um dos réus que já foi ouvido no âmbito do julgamento das chamadas dívidas ocultas, Ndambi Guebuza terá ficado com 33 milhões de dólares do total de 50 milhões pagos pela Privivest, como gratificação pela facilitação no negócios que deu lugar ao calote.