O Conselho Superior de Comunicação Social (CSCS) deve suscitar debates para contrariar a actual tendência de alguns órgãos de reportar sem respeitar os mais elementares princípios da disciplina, ética social comum, valores da família, da dignidade da mulher e da criança.
O desafio foi lançado ontem, em Maputo, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, na cerimónia em que conferiu posse aos novos membros do CSCS.
Trata-se de Rogério Sitoe (presidente) e Paulina Chiziane, nomeados pelo Chefe do Estado; Jorge Matine, José Guerra, João de Brito Munguambe e Carmén dos Santos, eleitos pela Assembleia da República; José Alfredo Macaringue, indicado pela Magistratura Judicial; Eliseu Bento (ausente), Alexandre Chiúre, e Suzana Espada, eleitos pelas organizações profissionais de comunicação social; e Jeremias Langa, pelas empresas jornalísticas.
Na ocasião, o Presidente da República afirmou que os sectores da rádio, televisão e imprensa escrita têm estado a expandir-se de forma exponencial nos últimos anos e no meio de muita concorrência pela audiência, o que por si só não é mau.
Entretanto, referiu, sente-se na sociedade uma preocupação sobre tendências para o desrespeito dos princípios da ética social comum, dos valores da família, da dignidade da mulher e da criança pela comunicação social.
Lamentou o facto de se verificar ainda o desrespeito e a falta de sentimentos pela vida humana, apelando para a necessidade de se aliar a liberdade de imprensa e a disciplina.
“A violação destes princípios básicos da vida em sociedade que não carecem de lei especifica, não podem acontecer. Gostaríamos, por isso, que o Conselho Superior de Comunicação Social suscitasse debates sobre estas matérias de forma a resgatar alguns valores que se vão perdendo lentamente”, recomendou.
De acordo com o Chefe do Estado, o outro desafio que se coloca ao CSCS está ligado à violência armada e ao terrorismo, realidades tão cruéis quanto atractivas para a comunicação social pelo seu impacto humano e emocional.
Disse, a propósito, ser compreensível a procura, a todo o custo, de notícias e de imagens sobre a violência terrorista que têm “ensanguentado os corpos e os corações dos moçambicanos”, mas que os jornalistas e os órgãos de comunicação social devem sentir a obrigação moral de reportar, respeitando as regras da dignidade humana.
“Reportar sobre o sofrimento humano não pode ser reduzido a meros actos de competição para atrair leitores ou radio-ouvintes e telespectadores, recorrendo para tal a notícias falsas ou informações não confirmadas para criar pânico ou mesmo celebrar a morte e a destruição do tecido sócio-económico de um povo inocente”, advertiu o Presidente da República.
Fonte: Notícias