Vaza áudio comprometedor da Helena Taipo, antiga Ministra do trabalho e governadora de Sofala

O áudio circula nas redes sociais desde as primeiras horas de hoje, no qual a antiga Ministra do Trabalho, faz desabafos sobre diversos assuntos da actualidade do país e dá a sua versão sobre o caso das dívidas ocultas com ataques ao Chefe do Estado, Filipe Nyusi..

 

No mesmo áudio, a antiga governante fala das ações de campanha eleitoral que fez a favor da FRELIMO e de Filipe Nyusi, “Tínhamos de comprar as mentes” e começa por questionar: “Quando eu ganhei Angoche, onde nunca se ganhou, ninguém quiz saber como consegui” e acusa: “Não se pega na história, só o facto porque interessa a alguém”.

Ela manifestou desagrado em relação ao caminho que o país está a tomar, sob a liderança do Presidente Nyusi e conta: “Esse senhor ninguém lhe queria aqui. O próprio partido estava dividido, não o queriam. A própria [Margarida] Talapa não queria o Nyusi, queria o Vaquina.”

Fala em “tanta injustiça que se faz” para se cortar as pernas a quem pode vir a ser a ameaça.

Sobre o caso das dívidas ocultas ela diz: “Este projecto que está a se levar ao julgamento, foi levado ao Conselho de Ministros pelo antigo Ministro da Defesa, hoje Chefe do Estado e eu estava lá. Nós todos estivemos lá”.

No áudio de aproximadamente mais de 30 minutos, gravado a partir de Nampula, Taipo diz que o projecto das dívidas ocultas foi apresentado por Filipe Nyusi, na altura Ministro da Defesa Nacional.

Para Taipo, o Presidente da República, Filipe Nyusi, podia ter evitado o julgamento e agora o norte (do país) está chateado por ter se levado o caso das dívidas ocultas para o julgamento.

“O norte está chateado. E sente-se traído.  Porque até os melhores amigos dele dizem-nos ‘ele traiu-nos’. Inclusive nós… não esperávamos que o antigo Chefe do Estado, Armando Guebuza fosse chamado na qualidade de declarante no caso das dívidas ocultas”, disse acrescentando que é pela primeira vez que o poder está no norte. Então traiu-nos. Não era isso que nós esperávamos.”.

No áudio dá para entender que Helena Taipo mostra sua fidelidade ao antigo Presidente da República, Armando Guebuza e lamenta pelo facto do mesmo ter que ser ouvido como declarante.

“Para mim foi um choque. Até foi antes de ontem que a antiga secretária do Presidente Guebuza, Maria Inês Moiane falou comigo. A Maria Inês é neste caso e vai ser ouvida na quinta-feira). “Ela me disse que o chefe foi arrolado, eu ainda não tinha visto os jornais”.

A ex-ministra do Trabalho encontrava-se em prisão preventiva desde abril de 2019 por suspeitas de envolvimento num caso de corrupção e foi solta em Maio deste ano, sob termo de identidade e residência.

Helena Taipo estava detida por suspeitas de recebimento de subornos no valor de 100 milhões de meticais (1,4 milhões de euros), em 2014.

Os alegados subornos correspondiam a contrapartidas pelo favorecimento de empresas de construção civil e do setor gráfico em contratos com o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), entidade que a então ministra tutelava.

Além do caso de alegados subornos no INSS, a antiga ministra é também acusada num outro processo, com mais 11 suspeitos, de alegado envolvimento no desvio do equivalente a 113 milhões de meticais (cerca de 1,6 milhões de euros) das contas da Direção do Trabalho Migratório (DTM).

De acordo com uma acusação do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCC), o dinheiro foi usado para a compra de imóveis, viaturas, cabazes de alimentos e bebidas alcoólicas.

Uma parcela do montante desviado era de taxas que as companhias mineiras sul-africanas pagam ao Estado moçambicano pela contratação de mão-de-obra nacional.