África do Sul: Jovens penalizam ANC

Jovens sul africanos compareceram em grande número nas eleições de 29 de Maio, mas com um único objectivo: Votar contra o ANC, partido que governa o país há 30 anos, fenómeno considerado inédito por analistas políticos daquele país e internacionais.

É que o partido de Cyril Ramaphosa se tornou sinônimo de corrupção e má administração, deixando milhares de jovens sem quaisquer perspetivas de futuro.

Esta, é uma chamada de atenção para muitos governos africanos, em especial aqueles que libertaram os seus povos dos regimes coloniais, mas que se tornaram opressores dos seus povos.

Segundo o analista político sul africano, Josef Nkomo, o maior problema desses governos corruptos é a falta de capacidade para entender as mudanças. “Estes jovens não viveram a história do Apartheid, e hoje estamos a ter uma geração de pais que também não viveram as atrocidades cometidas por este regime”, disse, salientando que estes, não agem na base de emoções baseadas no passado, mas sim, na base de respostas concretas aos seus problemas.

Disse que o que está a acontecer na Africa do Sul deve servir de lição para países como Moçambique e Angola, cujos seus governos submetem os seus povos na miséria, apesar de enormes recursos naturais que estes países possuem. “O futuro da maioria dos jovens africanos é incerto. E os Governos não fazem nada para mudar a situação”.

“Os resultados eleitorais de 29 de Maio, mostram a vingança dos jovens. O Congresso Nacional Africano (ANC), perdeu a maioria absoluta e 71 mandatos. No entanto, obteve 159 assentos no Parlamento de 400 lugares, menos do que os 230 que obteve na eleição anterior”.

Aliança Democrática (DA), angariou 21,7% dos votos (87 assentos), enquanto o uMkhonto we Sizwe (MK), um novo partido liderado pelo ex-presidente Jacob Zuma, conseguiu 14,6% (58 assentos), cololcando-se em terceira posição.

Por seu turno, João Chinhango, moçambicano de 35 anos de idade, residente na África do Sul há 10 anos, explica que a corrupção é o principal mal que causa pobreza em África, especificamente na terra do rand e em Moçambique.

“Os jovens estão fartos da corrupção no sector público, onde dinheiro que devia construir mais escolas; mais hospitais; mais estradas e outras infraestruturas públicas é desviado para outros canais obscuros”, disse, Chinhango, formado em ciências políticas.

Ele convida os mais velhos e as lideranças africanas a fazer melhor o seu papel, porque os jovens não terão mais paciência.

Lamenta o facto de os jovens africanos serem atualmente mais instruídos que as gerações anteriores, mas mesmo assim, enfrentam problemas maiores de empregabilidade e sem alternativas financeiras para o empreendedorismo.