Humula II: sinónimo de beleza e bem servir!

É uma das mais belas, exuberantes e luxuosas estâncias turísticas existentes no país. O Humula Beach Resort, pela sua fragrância e serviços de qualidade única e excelência faz as honras de quem vai à Bilene para buscar repouso e saúde. Sim! Porque quem vai ao Humula vive experiências inesquecíveis que dão aquele prazer de sempre querer voltar. Lá, nunca se vai uma única vez. O Humula junta, num mesmo espaço, beleza natural, a imaginação humana e inspiração na concepção, com uma arquitectura que explora o madeira, como base. Nesta entrevista, Quessanias Matsombe, o “arquitecto” deste projecto, concebido para oferecer lazer ao turista que lá aporta, fala, com paixão sobre o “Humula II” e sublinha os valores existentes nele, ao mesmo tempo que nos guia sobre o desenvolvimento do turismo em Moçambique.

Quessanias Matsombe deixou transparecer o amor pelo turismo, pelo trabalho, pelo requinte e traça caminhos que são necessários trilhar para que este sector continue a crescer no país.

Há, sim, paixão e emoção nas suas palavras. Mas, sobretudo, há beleza discursiva, própria de quem gosta de construir estâncias para o bem servir.

Como prometemos, aqui está a entrevista.

 

Zebra – Quais os desafios atuais do sector do turismo?

Quessanias Matsombe – O principal desafio universal é a pandemia do coronavirus que paralisou quase todas as actividades. Mas, tirando isso, é satisfatório notar que hoje já não temos muitas queixas dos turistas, sobretudo sul-africanos, que eram principais vítimas de constantes postos de vigilância criados por alguns agentes da Polícia de Trânsito, principalmente na altura das festas. Mas continuamos a ter algumas complicações principalmente na implementação de algumas decisões, como é a questão do visto de entrada.

 

 

Zebra – Portanto, está a falar do visto para turistas?

Quessanias Matsombe – Sim. Imaginemos que temos um voo que vem da Turquia, ou de Portugal com 50 passageiros numa situação em que todos precisam de visto de fronteira, e chegados ao aeroporto de Maputo encontram apenas três ou quatro oficiais de migração que vão levar meia hora a atender uma pessoa para a obtenção do visto. Esta situação transtorna o turista e prejudica a imagem do país porque, a ser assim, o melhor é conceder o visto na Embaixada de Moçambique nos seus respectivos países.

A outra questão que ainda constitui desafio é a abertura efectiva do espaço aéreo. Está aberto, mas continuamos com problemas estruturais. Os custos operacionais no sector de transporte são bastante elevados, comparativamente aos outros aeroportos da  região. Por exemplo, o combustível para os aviões é mais caro em Moçambique comparando com a África do sul que é o nosso principal concorrente, ou com as Maurícias. A taxa de aterragem, de estacionamento de aviões e de embarque é mais elevada, quer dizer, todos os elementos que entram na estrutura de custos de operações aeroportuárias são bastante altos, o que coloca moçambique numa situação desvantajosa quando falamos de competitividade. É que quando os custos operacionais aeroportuários são demasiados elevados, essa carga de custos vai para a tarifa, vai para o bilhete e logo, os operadores turísticos não conseguem criar um pacote atractivo, porque o transporte é parte desse pacote. Esta situação torna o valor global mais alto em relação a outros destinos na região.

Zebra – Perante esta realidade, que saídas vislumbra?

Quessanias Matsombe – Se queremos competir a nível regional precisamos de olhar para os nossos custos operacionais internos. E este é o nosso próximo desafio como país. A empresa Aeroportos de Moçambique deve nivelar os seus custos para, pelo menos, estarem ao nível dos da região para permitir que os operadores turísticos possam trazer turistas da Itália, Portugal, França, ou qualquer outro país, e colocá-los em Moçambique (na Ilha de Moçambique, por exemplo) a um preço que não sofre constantes alterações. Se nós não conseguimos resolver esta componente de transporte, que é a espinha dorsal de qualquer iniciativa turística, não vamos conseguir nada. Vamos continuar a ter grandes empreendimentos turísticos, mas todos às moscas.

 

“Destino turístico é aquele que tem estrada, água, luz centro de saúde e sossego”’

 Zebra – Como descreve um bom destino turístico?

Quessanias Matsombe – Ter um bom destino turístico é o segundo grande desafio do país. Muitos pensam que a existência de um hotel num sítio pode-se chamar destino turístico. Por exemplo, o turista não vem a Bilene por causa do Humula, porque o mundo fora está cheio de lugares iguais a este. Ele, quer chegar aqui e poder ver a natureza, encontrar atractivos, divertir-se, mas também tem que ser fácil chegar aqui, tem que poder sentir-se seguro e olhar para este lugar como realmente um sítio onde pode levar consigo boas memórias da praia de Bilene. Mas, infelizmente, ainda estamos a trabalhar para que Bilene seja um bom destino turístico, porque se sair agora pela praia vai deparar-se com garrafas, lixo e sem falar dos cortes de energia que continuam constantes. O destino turístico tem que ter água e energia qualidade,  durante 24 horas, ter um posto de saúde ou uma clínica porque é muito importante que um turista saiba que se lhe acontecer qualquer incidente vai ter socorro. É também importante que um destino turístico tenha uma pista de aterragem onde ele possa ser evacuado de emergência se for necessário.

Zebra – A componente de actividades de que falou entra nesta planilha?

Quessanias Matsombe – Com certeza. Também tem que haver actividades que ocupem o turista. É verdade que essas actividades têm a ver com a natureza, mas há questões que dizem respeito ao Estado, como colocar energia, água e segurança no seu todo. Pode-se dizer, por exemplo, que o Lago Niassa é um destino turístico, mas isso não é suficiente porque o turista vai colocar todas aquelas questões que já levantei. É preciso perceber que uma pessoa não vai sair do seu país, andar tantas horas de voo para chegar aqui e não encontrar sossego. O turista não quer ser incomodado, não quer música alta, porque veio cá para descansar ou para escrever um livro. O turista gosta de ser tratado como rei.

Zebra – Será por isso que hoje os turistas apostam muito em estar em resorts nas ilhas?

Quessanias Matsombe – Com certeza. Veja que os grandes resorts estão nas ilhas, onde os locais (ilhéus) são muito bem educados e sabem tratar bem os turistas, que são a sua fonte de sobrevivência. Mas os resorts que estão fora das ilhas já não têm esta sorte, porque registam grande circulação de pessoas que, para além de incomodar os turistas, roubam-nos. Por isso, o destino turístico tem que ter capacidade de controlar o meio ambiente circundante e ter infra-estruturas necessárias para que o sector privado possa investir e fazer a promoção do respectivo destino.

Zebra – Olhando para as nossas áreas, onde seriam locais adequados para desenvolvimento do turismo?

Quessanias Matsombe – Se olharmos para a marginal da cidade de Maputo vemos que é um grande destino turístico, que parte do Gabinete do Primeiro-Ministro até ao restaurante Costa do Sol, mas sem o devido aproveitamento. Podemos buscar outro exemplo em Pemba, na praia do Wimbe que também é sub aproveitado. Há quem vai-me dizer que não é difícil tornar aqueles locais em destinos turísticos, porque não há dinheiro para indemnizar as famílias que vivem nesses espaços. Mas a minha resposta seria que é preciso que como país saibamos escolher o que queremos…

Zebra – É suficiente investidores, como o senhor, terem boas ideias e capacidade de realizar isso ou há algo mais que precisa ser feito?

Quessanias Matsombe – O problema do turismo é mais transversal. Envolve o sector de estradas, energia, saúde, segurança. Hoje há necessidade de criar-se um Task Force do turismo, em que estão, por exemplo, representados todos os ministros, porque a continuarmos assim nunca teremos um turismo devidamente estruturado.

Zebra – Qual é a realidade da região em relação a Moçambique?

Quessanias Matsombe – Na região de África Austral, Moçambique situa-se na 127ª posição, num horizonte de 130 países. O nosso país está atrás do Lesotho e de Eswatini (antiga Suazilândia). A minha pergunta é: O que é que Eswatini tem para estar à frente de Moçambique? As Maurícias ocupam a primeira posição e, faço a mesma pergunta: O que é que este país tem que nós não temos? É que, pelo contrário, nós temos muito mais recursos em relação a todos esses países, mas o segredo está no facto de todas as instituições do Estado desses países convergirem no turismo, incluindo o sector privado, em termos de acções, mas isso já não acontece aqui. É esta visão que temos que ter como país, porque o Ministério da Cultura e Turismo por si só, não vai conseguir nada.

 

“É preciso um hotel-escola que vai ensinar o saber fazer”

 Zebra: Fala-se muito da necessidade de criação de um hotel escola. As instituições existentes neste momento não são suficientes?

Quessanias MatsombeO país precisa de um hotel escola. O que temos neste momento são instituições de ensino, outras superiores, mas que não ensinam o saber fazer. Nós, como hotéis, queremos pessoas que sabem tratar uma piscina. Precisamos de pessoas que, para além de saberem cozinhar, também sabem fazer contas das quantidades e custos de produtos para a preparação de um peixe, frango, bacalhau e por aí. Os graduados dessas instituições estão preparados para atender às necessidades dos ministérios, mais nada.

Zebra – Então, nesse prisma, permita que pergunte o que é um hotel-escola?

Quessanias Matsombe – Uma escola de hotelaria está incorporada a um hotel, onde os estudantes aliam a teoria à prática e tiram um produto acabado para o trabalho. É que, na estrutura do pessoal de um hotel, apenas dois ou três indivíduos são directores, os restantes são operativos e indivíduos que sabem fazer, desde cuidar a relva, tratar piscinas, arrumar quartos, cozinhar e estão na actividade de “bar man”, porque não vale nada ter um hotel bonito, mas sem mão de obra qualificada.

Zebra – Na sua óptica, o que está a falhar?

Quessanias Matsombe – Eu acredito que se o Governo apostasse no turismo poderia reduzir o problema do desemprego no país. E tomo como o exemplo do Humula, cuja maior parte dos seus trabalhadores são locais, muitos deles sem a 12ª Classe. Aprenderam a fazer tudo aqui mesmo. A piscina do hotel é tratada por um jovem local que nem sabe escrever o seu nome, mas sabe fazer o seu trabalho porque foi ensinado. Os carpinteiros nem 3ª Classe têm, mas são ensinados a trabalhar a madeira. Todo o turista que escala este lugar paga 17 por cento do IVA (Imposto Pessoal Autárquico) e a empresa, por sua vez, quando fecha as contas entrega ao Estado 32 por cento do seu lucro. O ganho disto é que o turismo cria o emprego, conserva a natureza e contribui para a conservação da biodiversidade. Por exemplo, aqui no Humula temos muitas espécies, desde cobras, lagartixas, macacos, fruto silvestre e os nossos hóspedes têm ainda a oportunidade de apreciar o mar, a partir dos quartos.

Zebra: Acredita num futuro risonho do sector do turismo em Moçambique?

Quessanias Matsombe – Quando se tem fé acredita-se mesmo numa coisa que ainda não se viu. E eu tenho fé que um dia Moçambique vai ser um grande destino turístico. Para isso, é preciso que cada um continue a fazer a sua parte. Eu continuo a transmitir a minha experiência de vida, de muitos anos de trabalho muito árduo.

Zebra: O seu primeiro projecto foi Humula I. Hoje está a explorar o Humula II. Podemos esperar o Humula III?

Quessanias Matsombe – Sempre fui uma pessoa que amou a natureza, talvez porque as minhas origens estão ligadas ao “mato”. Nasci e cresci na cidade de Maputo, mas a minha verdadeira origem é distrito de Panda, norte da província de Inhambane. Nasci em Maputo, mas aos quatro anos de idade os meus pais levaram-me para Panda, só que aos sete anos retornei a Maputo. Por isso, as minhas lembranças do primeiro contacto com o mundo conduzem-me para Panda. O meu pai fazia questão de levar-nos, logo no primeiro dia de férias, para a terra natal e só regressávamos no último dia das férias. Acredito que este é um dos aspectos que me faz estar ligado, de forma especial, à natureza. O outro aspecto que mantêm o meu amor pela natureza é que viajei muito pelo mundo, por conta da empresa onde trabalhei durante muitos anos. Aliás, foi esta grande empresa, uma companhia multinacional que me fez crescer: a BP. Mas antes dela, dei aulas nas escolas secundárias Francisco Manyanga e da Maxaquene, logo após a minha formação…

Zebra – Que experiências acumulou na BP, e do seu passado de professorado, que hoje estão a constituir uma mais-valia na actividade que abraçou hoje?

Quessanias Matsombe – Na BP, que entrei em 1977 até ao ano 2000, ocupei vários cargos, incluindo o de Gestor Senior, pois, formei-me em Gestão de Empresas. Na altura, já se defendia que os gestores fossem nacionais, uma vez que o próprio o ambiente político não era favorável às multinacionais, logo era bom que fossem moçambicanos protagonistas dos negócios daquelas. E foi a partir dessa altura  ganhei muita paixão pelo turismo porque andava muito pelo mundo. Por exemplo, conheço quase 70 por cento do território dos Estados Unidos. Mas também conheço muito bem muitos países dos continentes africano, europeu e asiático. E isto fez com que tivesse um horizonte mais amplo sobre a área que em que estou a actuar hoje.

 

Viagens e concepção de “Humulas” de luxo sem estrangular a natureza

 Zebra – Terá sido nessas viagens que foi compreendendo o que queria para os “Humulas”? (Risos)

Quessanias Matsombe – Há medida que ia conhecendo novos sítios percebia que o Humula I ainda não estava ao nível das estâncias que via fora, mas porque concebi o Humula I num contexto em que não havia nada no país, optei por casas convencionais, tipo um condomínio. Só que, depois daquela experiência, o Humula II, conforme vêm, é uma duna, pois as terras são sensíveis e o que as segura são as raízes das plantas. É por isso que aqui dificilmente tem se contacto com a área, porque colocamos madeira por cima, por causa da instabilidade da terra. As casas do Humula II foram construidas de baixo para cima, (o terreno é uma subida) e durante as obras não metemos carros nem tractores para evitar a erosão e instabilidade dos solos. Por causa desses todos cuidados, a construção durou cinco anos. Foi tudo feito a mão e eu acompanhei cada detalhe.

Zebra – Visitou vários sítios onde apreciou vários modelos de resorts. Qual foi a experiência que mais o impressionou e de que país?

Quessanias Matsombe – Com experiências que fui vendo aqui e ali criei um produto meu. Por exemplo, quem olha os edifícios por fora pensa que é madeira, mas quando entra na casa encontra uma parede normal. A cobertura do edifício por fora é capim, mas lá dentro colocamos um tecto falso com uma iluminação… tudo espectacular.

Zebra – Existe essa simbiose de natureza (tradicionalidade) e modernismo que cria requinte…

Quessanias Matsombe – É verdade. O turista vê a natureza por fora, mas encontra, por dentro um hotel de cinco estrelas, igual a de qualquer país do primeiro mundo, com todo o conforto que necessita. É uma simbiose, uma mistura e é por isso que os clientes mais exigentes gostam disto, porque encontram as duas coisas num só sitio: o conforto por dentro e a natureza por fora, desde o sossego, o respeito, a harmonia, incluindo o canto dos pássaros.

Zebra – E nós testemunhamos isso (Risos)?

Quessanias Matsombe – É isso. Logo pela manhã, a partir das varandas das casas, assiste-se um espectáculo de pássaros, voando e cantando. Então, há pessoas que vêm a Humula II apenas para escrever ou ler um livro. Eu próprio, incluindo a minha esposa, quando chega a hora de regressarmos para Maputo, onde temos outros compromissos, ficamos tristes, de tal maneira que as pessoas que conhecem este espaço, questionam-nos porque ainda continuamos na capital e a minha resposta é de que ainda não chegou o momento.

 

“Pela sua beleza, Humula II já acolheu casamentos e festas de figuras políticas, músicos e actores de dimensão mundial”

Zebra – Que projectos futuros têm e que turistas visita este luxuoso complexo ?

Quessanias Matsombe – O complexo Humula II ocupa um espaço de seis hectares, mas queremos alargar, porque o projecto futuro é de aumentar a capacidade para 250 quartos, contra 60 neste momento. Esta situação nos deixa constrangidos quando temos casamentos, porque às vezes são estrangeiros, vindos da Inglaterra, Estados Unidos, França ou qualquer outro país. Por exemplo, no início do ano 2020  acolhemos um casamento de sul-africanos, que tinha 250 convidados. Geralmente os noivos fazem o registo na praia e toda a festa acontece aqui na sala de conferências.

O outro aspecto que agrada o turista é que as casas estão bem separadas, uma perdida da outra, dando ao hóspede o sentimento de estar sozinho e perdido numa mata. Aqui as pessoas sentem-se reis porque têm o sentimento de estarem no seu espaço e sozinhos. Recebemos, por dois dias, a Rainha da Bélgica, o Presidente da República do Botswana, e temos uma pista de aterragem particular, que é outro factor que oferece segurança aos nossos hóspedes.

 Zebra- Qual é o peso do turista moçambicano?

Quessanias Matsombe – Quando falamos de moçambicanos olhamos para duas vertentes, primeiro porque ainda não conseguimos criar uma burguesia nacional de forma natural. A burguesia deve emergir de forma natural como se fosse um cogumelo. Nós não fazemos burgueses, porque ter acesso ao dinheiro não significa ser burguês. É apenas uma pessoa que tem dinheiro. E muitas dessas pessoas não sabem usar o dinheiro e, por causa disso, não temos muita gente que aprecia uma estância como esta. O viver bem dos nossos “burgueses” é beber, comer carne todos os dias, colocar um cordão de ouro bem grosso no pescoço, sujar as praias, incomodar os outros com alto volume no carro para mostrar a todos que tem dinheiro…

Zebra – E depois vão passear na África do Sul… (Risos)

Quessanias Matsombe – Aliás, Nelsprite, na África do Sul, está a crescer por causa de moçambicanos que fazem aquilo que eu chamo de turismo de montra, porque vão para para visitarem “Mall`s”, Shopings e depois arranjam um sitio senta e comem aquelas comidas cheias de óleo e açúcar e pensam que estão a fazer turismo. É engraçado que os sul-africanos que sabem o que é turismo atravessam a fronteira para Moçambique.

Zebra- Não será por falta de conhecimento que os moçambicanos não pisam locais como este?

Quessanias Matsombe –  Não. A maior parte dos turistas que chega aqui descobre isto nos sites. Posso dizer que é um problema cultural, porque nós damos entrevistas, publicitamos nas revistas e recebemos muitos turistas de fora. Os moçambicanos só chegam cá para conferências e mais nada.

Texto escrito por Joana Macie e Iracema Mahumane