SIDA e reconstrução de Sofala dominam audiências da Ministra Verónica Macamo aos enviados da ONU a Moçambique

Os progressos no combate ao SIDA em Moçambique e a reconstrução pós-ciclone IDAI em Sofala constituiram assuntos principais das audiências, em separado, que a Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Nataniel Macamo Dlhovo, concedeu respectivamente à Subsecretária Geral das Nações Unidas, Winnie Byanyima e ao Director Regional para África da UN-Habitat, Oumar Sylla.

Em audiência na manhã de segunda-feira, (19 de Abril), a Subsecretária Geral, que é também Directora da ONUSIDA, explicou que visita Moçambique para inteirar-se dos progressos que o país alcançou no combate ao SIDA, particularmente no seio de mulheres e raparigas.

Byanyima veio a Moçambique em resposta a um convite formulado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e fará ainda uma visita à REJUSIDA e Kuyakana, duas organizações de pessoas vivendo com HIV/SIDA na cidade de Maputo.

Participará também num diálogo com pessoas vivendo com HIV em Moçambique e líderes de organizações de base comunitária, incluindo raparigas, adolescentes e mulheres.

Na parte da tarde, a Ministra Verónica Macamo recebeu o Director Regional para a África da UN-Habitat, Oumar Sylla, que, a partir de Nairobi, dirige o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos.

No encontro com a Ministra Macamo, o Director Regional para África da UN-Habitat explicou que a sua primeira visita tem o propósito principal de inteirar-se dos resultados implementados no processo de reconstrução pós-ciclone IDAI na Província de Sofala.

Neste contexto, revelou que efectuará uma visita de campo em Sofala, a fim de conhecer “in loco” os progressos alcançados na reconstrução em curso. Para o alcance dos objectivos da visita, o Director Regional agendou encontros com vários ministros do Governo moçambicano.

Nos dois encontros, a Ministra Macamo fez uma apresentação da actual situação política, económica e social em Moçambique e enalteceu as excelentes relações de trabalho existentes entre o Governo moçambicano e as Nações Unidas, especialmente com a ONUSIDA, que possui uma representação em Maputo, e a importância da UN-Habitat para restabelecer a normalidade da vida em Sofala.

ONUSIDA reconhece o sucesso de

Moçambique na luta contra a SIDA

Em 2019, o Programa das Nações Unidas de Luta contra a SIDA reconheceu o sucesso de Moçambique como um dos casos notáveis a nível global no seu recente relatório sobre a situação da doença no mundo.

No início do quinquénio passado, o tratamento anti-retroviral no país estava disponível em apenas 753 unidades do Serviço Nacional de Saúde, o que correspondia a uma cobertura de 52 por cento, mas até Dezembro de 2019 os doentes já podiam ser atendidos em 1538 hospitais, o que corresponde a 93 por cento.

Esta expansão de prestação de serviços resultou, igualmente, do aumento significativo de pessoas que vivem com HIV/SIDA a receber tratamento, passando de 646.312 pacientes em Dezembro de 2014 para 1.290.305 pessoas até Junho de 2019.

Como resultado, registou-se redução de 20 por cento nas mortes relacionadas com HIV entre 2014 e 2018, um indicador que garante que mais moçambicanos tenham vida longa, saudável e reduzam a possibilidade de transmitir o vírus aos outros.

Igualmente, este sucesso resulta da adopção de directrizes globais, concretamente a estratégia 90-90-90 da ONUSIDA e a abordagem “Testar e iniciar o tratamento” da Organização Mundial da Saúde lançada em 2016.

A estratégia 90-90-90 recomenda que, como forma de acelerar a resposta, de modo a acabar com a pandemia da SIDA até 2030, 90 por cento de todas as pessoas vivendo com HIV sejam diagnosticadas através da expansão de serviços de aconselhamento e testagem.

Prevê ainda que 90 por cento de pessoas diagnosticadas recebam o tratamento anti-retroviral e 90 por cento dos tratados tenham níveis indetectáveis de vírus no sangue e não possam mais transmitir o vírus.