O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, atacou hoje (22 de junho), uma reporter da Rede Vanguarda, afiliada da Rede Globo, quando esta o questionou sobre falta do uso de máscara em Guaratinguetá (SP), na sua primeira agenda pública após atos contra o seu governo em mais de 400 cidades.
O presidente Jair Bolsonaro agiu de forma destemperada enquanto era entrevistado por uma repórter da Rede Vanguarda, afiliada da Rede Globo na região do Vale do Paraíba, e mandou a profissional “calar a boca” enquanto era questionado sobre a falta do uso de máscara.
O presidente respondia a perguntas de jornalistas em Guaratinguetá (SP), onde participava de uma cerimónia de formatura de sargentos da Aeronáutica. A repórter Laurene Santos questionou o presidente por ele ter chegado ao local sem máscara, ao que ele respondeu: “Eu chego como quiser, onde eu quiser. Eu cuido da minha vida”.
Em seguida, Bolsonaro tirou a máscara que usava durante a entrevista e passou a criticar a Rede Globo com palavras de baixo calão.
A reporter lembrou ao Presidente que o uso de máscara era obrigatório, de acordo com uma norma em vigor no estado de São Paulo, e o presidente afirmou: “Cala a boca! Vocês são uns canalhas! Vocês fazem um jornalismo canalha!”. A jornalista se manteve em posição com o microfone na direção do presidente, apesar do ataque.
Bolsonaro é crítico ao uso de máscaras como medida de contenção da pandemia de covid-19, recomendada pelos epidemiologistas como um dos pilares de uma política sanitária para reduzir a transmissão do vírus.
Em 10 de junho, ele sugeriu derrubar a obrigatoriedade da proteção facial para já vacinados ou que já passaram por uma infecção pelo novo coronavírus, proposta criticada por especialistas considerando o momento da pandemia no país. Na última quinta, o presidente disse que a máscara reduz a oxigenação de quem a está usando, o que é mentira.
Durante a breve entrevista em Guaratinguetá, Bolsonaro também criticou a emissora CNN, que estava presente na entrevista. “CNN? Vocês elogiam a passeata agora de domingo né? Jogaram fogos de artifício em vocês e vocês elogiaram ainda”, afirmou. Essa foi a primeira agenda oficial de Bolsonaro após atos contra o seu governo terem sido realizados no sábado em mais de 400 cidades, incluindo todas as 27 capitais.
É costume de Bolsonaro atacar jornalistas em entrevistas nas quais se sente pressionado.
Diversas personalidades, jornalistas e políticos manifestaram solidariedade à jornalista da Rede Vanguarda insultada pelo presidente.
Luciano Huck, apresentador da Rede Globo que cogitava se lançar a presidente da República nas eleições de 2021, mas anunciou a desistência do plano em 16 de junho, foi um dos que saíram em defesa de Santos. “A jornalista foi atacada ao fazer perguntas pertinentes. Rodeado de bajuladores, o presidente se sentiu à vontade para humilhar uma mulher que apenas cumpria seu dever profissional de informar. Covardia total”, afirmou apresentador.
O governador de São Paulo, João Doria, definiu a reação de Bolsonaro como “mais um surto verborrágico do presidente Bolsonaro contra a imprensa” e escreveu que a liberdade de imprensa “é um direito que o atual governo insiste em confrontar”.
A jornalista Renata Lo Prete, âncora do Jornal da Globo, também apoiou Santos. “Que profissionalismo, que senso de missão, que contraste com a indignidade diante do microfone”, escreveu no Twitter.
Na esfera bolsonarista, os insultos foram repercutidos como demonstração de firmeza do presidente. Eduardo Bolsonaro compartilhou no Twitter o vídeo da entrevista afirmando que Bolsonaro havia colocado a emissora “em seu devido lugar”.