Violência política só acaba quando o espirito de compromisso com o outro triunfa – José Castiano

O Vice-reitor da Universidade Pedagógica de Maputo, José Castiano, defendeu recentemente em Maputo, durante o lançamento da quarta edição da Revista ÁGORA, que o silêncio que se vive hoje nas estradas e nos bairros do país, não deve ser confundido com o calar das condições e dos instrumentos que provocaram a violência gratuita, registada nos finais de 2024, pois, “Uma guerra ou violência política, só acaba quando o espirito de compromisso com o outro triunfa”.

Segundo José Castiano,  esta relativa calmia é apenas o silêncio das arma, porque as mentes da sociedade continuam armadas. “O que uma vez esteve nas mãos, antes já esteve na mente, se nós em algum dia pegamos em arma, significa que esta arma já esteve na nossa mente”.

Para o Vice-reitor, a tragédia ocorrida recentemente em Bobole, distrito de Marracuene, província de Maputo, em que uma revolta popular culminou no linchamento do agente policial, queimado vivo pela multidão, é um exemplo claro, de que a qualquer momento, a violência gratuita voltará às nossas ruas, caso não sejam desarmadas as mentes da sociedade.

Segundo o Professor, o desarmar as mentes significa que o aperto de mão e o abraço simbólico entre as lideranças, deve estender-se à toda a sociedade, em termos de valores e em termos institucionais.

O filósofo, fala da necessidade de desarmar as mentes como forma de evitar a repetição de falhas registadas no passado, mas também associa o desarmar das mentes, à busca de um futuro comum, o que exige a separação institucional bem nítida, entre assuntos do Estado, do Governo e do partido no poder.

De acordo com o Professor Castiano, uma lição que se deve tirar nestes últimos dias, em Moçambique e no mundo, é que  viver sem violência não é algo que surge de forma gratuita, mas é resultado de um trabalho árduo e racional. “Todos devemos abraçar de forma activa este trabalho e, não eperarmos para ver”.

Em relação à Revista ÁGORA, cujo lançamento teve lugar na sala magna da UP-Maputo, o Vice-reitor explicou que trata-se de uma plataforma importante para que este combate de desarmar as mentes não fique só entre os membros do Governo, da sociedade civil, das confissões religiosas e jornalistas. “A ÁGORA está a tornar-se um documento essencial, uma voz escrita, não só para nós, mas também para as próximas gerações, que através dela, saberão  qual foi a nossa difícil experiência para a busca da paz”.