Colocar jovens capazes em sectores chaves – Joel Libombo

Joel Libombo, antigo ministro da Juventude e Desporto, no último governo de Joaquim Chissano, defende que um dos grandes desafios do governo do dia, é de empoderar e ter coragem de colocar jovens capazes, competentes e comprometidos com a pátria, em sectores chaves.

Em entrevista à Revista ÁGORA, Joel Libombo defendeu que esses mesmos jovens, devem ser irreverentes, com palavra e opinião que reflita aquilo que é o desejo da maioria dos jovens doi país. “Não podem ser jovens “yes men”, isto é, aqueles que fazem as coisas para agradar, seja ao partido, seja outra instituição”, disse, acrescentando que o  jovem tem de ser firme.

Segundo o antigo ministro, esses jovens capazes devem ser porta-vozes daqueles que estão nas ruas, os “condenados da terra”, que são os desempregados e todos aqueles que não têm nenhuma oportunidade.

Acrescentou que os que têm acesso ao poder e outras possibilidades, devem aproximar-se desse grupo desfavorecido, para ouvir as suas preocupações e levá-las ao Governo e ao parlamento, onde são traçadas as políticas.

Libombo, lamenta que o país continua a assistir o fenómeno ‘lambebotismo’, que vem desde o tempo colonial, em que haviam jovens que tinham possibilidades de estarem perto do colono, outros por mérito próprio, outros por ‘lambebotismo’ e outros por colaborarem com o sistema. “Começamos a ver isso a ressurgir com os nossos filhos, que estudaram na 03 de Fevereiro, Cidade de Maputo, em Nwachicoluana, Chókwé, província de Gaza e nas Escolas da FRELIMO”, disse.

Explicou que quando estes filhos vieram para Maputo e, começaram a ter facilidades, distanciaram-se dos outros jovens, criando elites. “Esse foi o maior erro, e nós como pais assistimos esses episódios, calados durante muito tempo”.

Marcos dos 50 anos de independência

Segundo o antigo ministro, a independência trouxe uma responsabilização muito grande aos jovens, pois, foram eles que asseguraram o país na fuga dos quadros coloniais em todos os sectores.

“Esses jovens foram acarinhados até um certo ponto e, mas  arrisco-me a dizer que Moçambique não se aguentou com a ausência do apoio dos países socialista, em que alguns estavam na antiga RDA , hoje Alemanha e que tiveram que regressar”.

De acordo com o nosso interlocutor, isso, foi uma das causas do descontentamento dos jovens, depois a guerra civil que foi fatal e, que originou a fuga de muitos jovens para os países vizinhos.

Segundo Joel Libombo, foi nessa altura que muitas fábricas encerraram, deixando muitos jovens desapontados. “Os que cá estavam iam vivendo a sua maneira e começou o descrédito no seio da juventude em relação ás políticas de governação”.

Explicou que também surgiram muitos compatriotas, que deram tudo pelo país. “Portanto, diria que avançamos muito, sob ponto de vista humano, de quadros. Nós temos jovens aqui e fora do país, com muito valor e a serem muito bem aproveitados”.

A nível de talentos, Libombo acredita que o país tem muitos,  tanto no desporto como nas artes e até criatividade. Na área académica também estamos bem, alguns jovens abraçaram a investigação e estão a trazer resultados motivadores não só para o país. “Crescemos, mas é urgente por em prática várias reflexões saídas de seminários, simpósios e conferências do que se pretende do futuro do país, face ao crescimento exponencial da população.