Maputo acolhe conferência Nacional sobre Justiça Climática 

 A Cidade de Maputo acolhe de 20 a 25 deste mês, a Conferência Nacional sobre Justiça Climática, sob o lema “Não há justiça climática sem igualdade de género”, com o objectivo de promover o diálogo intersetorial e propor soluções inclusivas para os desafios das alterações climáticas no país.

O evento é organizado pelo Governo de Moçambique, em parceria com os promotores do Projeto AACJ — MULEIDE, FEMNET, Oxfam, Natural Justice e Visão Juvenil, com o apoio da Embaixada do Reino dos Países Baixos.

A conferência reunirá representantes do governo, organizações da sociedade civil, académicos, comunidades locais, juventudes activistas, decisores políticos e organismos internacionais, num espaço de reflexão coletiva sobre os impactos desiguais da crise climática. A iniciativa destaca a urgência de políticas públicas que integrem a justiça social, a igualdade de género e a sustentabilidade ambiental como pilares fundamentais da resposta à crise climática.

Rafa Valente Machava, Directora Executiva da MULEIDE, explica que a justiça climática vai além da redução das emissões. Trata-se de garantir que as soluções climáticas sejam equitativas, protejendo os mais vulneráveis e promovendo direitos humanos, igualdade e inclusão”.

Segundo Rafa Machava, entre os principais temas que vão a debate, destacam-se a relação entre a crise climática e os direitos humanos, os impactos diferenciados das alterações climáticas sobre mulheres e comunidades marginalizadas, as estratégias de adaptação e mitigação justas, o financiamento climático com foco na equidade, e a participação cívica e a liderança jovem na acção climática.

A programação do evento inclui mesas-redondas, painéis de discussão, workshops e intervenções artísticas, promovendo uma abordagem transversal, participativa e colaborativa ao debate climático.

A Associação Mulher, Lei e Desenvolvimento (MULEIDE), representante da Rede de Desenvolvimento e Comunicação da Mulher Africana (FEMNET) em Moçambique, lidera no país a implementação de diversas actividades no âmbito da justiça climática. Estas acções, inserem-se no projecto regional da FEMNET intitulado “Justiça Climática e Governação de Recursos Naturais”, financiado pelo Ministério das Relações Exteriores dos Países Baixos e em execução entre 2021 e 2025.  O principal objetivo desta iniciativa é fortalecer a participação de mulheres, jovens e comunidades marginalizadas nos processos de tomada de decisão, relacionados com políticas climáticas e ambientais.

Em Moçambique, a MULEIDE tem desenvolvido acções de formação e sensibilização comunitária em várias províncias, incluindo Maputo, Gaza e Sofala. Entre os destaques recentes estão os workshops e sessões de capacitação em justiça climática dirigidos a activistas dos círculos de estudo, como os realizados nos distritos da Manhiça e Matutuine.

Estas iniciativas visam não apenas aumentar a consciência sobre os impactos das mudanças climáticas nas comunidades locais, mas também promover o empoderamento das mulheres e da juventude na defesa dos seus direitos ambientais. A colaboração entre a MULEIDE e a FEMNET também tem proporcionado o envolvimento de lideranças comunitárias e jovens influenciadores em atividades de advocacia, incluindo a elaboração e apresentação de manifestos sobre justiça climática.

Embora ainda não existam informações públicas detalhadas sobre o orçamento específico destinado a Moçambique ou sobre indicadores de impacto quantitativos definidos para o país, o trabalho desenvolvido até o momento reflete um compromisso crescente com uma abordagem mais inclusiva e equitativa face à crise climática no contexto moçambicano.

A conferência de três dias, terá lugar no Gloria Hotel, cidade de Maputo.