COP30: Jovens indignados com incuprimento do Acordo de París

Abel das Neves, activista pela Justiça Climática e líder Nacional da Comissão Africana da Juventude em Moçambique, repudia a existência de famílias albergadas em escolas e igrejas, há mais de quatro anos, nas Cidades de Maputo e Beira, que viram suas casas devastadas pelos ciclones sucessivos que afectam o país, por conta das mudanças climáticas.

Segundo o activista, em entrevista ao Site Zabrando, esta situação, tende-se agravar por falta do cumprimento do Acordo de París, que entre várias cláusulas, há o compromissos dos países ricos, em oferecer financiamento aos países em desenvolvimento, como Moçambique, para que eles possam mitigar as mudanças climáticas, fortalecer a resiliência e aumentar sua capacidade de adaptação.

participantes a COP Feminist.

O activista, que é também diretor executivo da Visão da Juventude, defende que garantir justiça climática às pessoas ou famílias, é uma questão de direitos humano, por isso, há uma necessidade de os países africanos intensificarem a educação ambiental e climática, para que todos possam cmpreender que a justiça climática é uma questão de direito.

Segundo o activista, em Moçambique a terra é propriedade do Estado, mas este mesmo Estado não consegue dar terra às famílias que têm as suas casas mergulhadas nas águas há muito tempo, o que significa que há uma questão política não correcta.

“É desumano que as famílias fiquem quatro anos em condições precárias como numa sala de aulas, nas igrejas, nos corredores dos hospitais ou em tendas, a multiplicarem-se sem nenhuma dignidade”, disse, lembrando que o Estado é um sujeito de obrigações e o cidadão é sujeito de direitos.

Abel das Neves, fez estes pronunciamentos esta semana, em Maputo, na conferência da COP feminist, um evento que reune mulheres da África Austral, com o objectivo de debater sobre as temáticas das mudanças climáticas na região, no continente, assim como no mundo, à margem dos preparativos da conferência das partes, que vai acontecer já no próximo mês, em Belem, no Brasil. ao longo da COP30.

De acordo com das Neves, volvidos 10 anos do Acordo de París, os países africanos continuam mergulhados em problemas climáticos graves, por falta do  cumprimento deste instrumento. O Aacordo estabelece pontos os quais as nações deveriam atingir a longo prazo. Entre eles reduzir substancialmente as emissões de gases de Efeito Estufa para impedir o aumento da temperatura global neste século a 2°C e se esforçar para limitar esse aumento a até 1,5°C; revisar os compromissos dos países a cada cinco anos; oferecer financiamento aos países em desenvolvimento, como Moçambique, para que eles possam mitigar as mudanças climáticas, fortalecer a resiliência e aumentar sua capacidade de adaptação. Além disso, o acordo tem entre suas obrigações “fornecer uma estrutura para apoio financeiro, técnico e de capacitação aos países necessitados”.

“Como sabem, a maior parte dos países africanos não são os maiores produtores, mas são os que mais sofrem com os impactos negativos das mudanças climáticas, sendo as cheias, os ciclones e as secas prolongadas, maiores exemplos”.

Segundo das Neves, os países desenvolvidos e responsaveis por esta situação, devem fazer um  exercício, como se fosse  uma especie de indminização, um apoio,  para que os países pobres como Moçambique  possam se adaptar. “Vamos a París com o sentimento de que volvidos 10 anos, nem água vem, nem água vai, eis a razão pela qual as organizações da sociedade civil, estão a procura de uma posição comum, que podem levar para a conferência das Nações Unidas”.

Para alem do grupo das mulheres, estão os jovens, que também terão o seu encontro de concertação nos próximos dias em Burkina Faso, existe o grupo Africano mais a China, que são as economias emergentes incluindo a China. Mas também existem crianças que vão igualmente reunir de seis a 8 de Novembro, no Brasil. “Esses posicionamentos vão permitir que haja uma voz comum de África”.

Mudanças climáticas negativamente na vida dos jovens

O nosso entrevistado , explicou que os jovens, em especial moçambicanos, pedem soluções urgentes, porque as mudanças climáticas impactam negativamente em suas vidas e de suas famílias. “Neste momento, temos crianças fora das escolas porque os edifícios estão mergulhados nas águas. Só na Cidade de Maputo, temos três a quarto escolas nessa situação e outras que albergam famílias”.

Explicou que não basta que os jovens tenham iniciativas, elas devem ser suportadas financeiramente e é este apoio financeiro que foi prometido em París, mas que até este momento não chegou. “Não basta boa vontade, é preciso que hajam fundos para realizar qualquer que seja a actividade, mesmo para o plantio de árvores”.

Abel das Neves, pede abertura das instituiçoões do Estado para colher as várias iniciativas que as crianças, os jovens e as mulheres têm, ao mesmo tempo, mostra-se preocupado com a questão de fechamento dos espaçois públicos, situação que dificulta algumas actividades dos jovens, como é o caso da junção desta camada social em pequenos ou em grandes grupos, para realizar suas actividades.

“Quando isso acontece, somos confundidos e ameaçados, esquecendo-se que estamops naquela acção por uma causa nobre e justas”, disse, das Neves, lamentando que os jovens gostariam de realizar uma marcha, antes da COP30, que terá lugar já em Novembro, para manifestarem a indignação em relação a falta do cumprimento do Acordo de París, mas é impossível.

Abel das Neves tem mais de 13 anos de experiência em defesa e monitoramento de políticas públicas, consultoria, desenho e implementação de políticas, Programas e Projetos organizacionais, docente e ativista social. Foi condecorado duas vezes pelo Governo de Moçambique pela sua dedicação às causas sociais nas áreas da Educação e Ambiente.