“Não pode haver Justiça Climática sem Justiça de Género”, é a reivindicação central, que as mulheres moçambicanas e da África Austral, levam a COP30, um evento mundial a realizar-se entre 10 e 21 de Novembro, em Belem, no Brasil, com o principal objetivo de avançar nas negociações globais para conter o aumento da temperatura média do planeta em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, conforme estipulado pelo Acordo de Paris, assinado em 2015.

sobre mudan”cas climáticas, rumo a COP30.
Dircursando na abertura do simpósio sobre Justiça Climática, que teve lugar ontem, (sexta-feira), em Maputo, em preparação da COP30, a presidente da MULEIDE, Luísa Mboane, defendeu que com esta reivindicação, as mulheres não estão a exigir caridade, mas sim, a responsabilidade histórica e justiça climática.
“A nossa voz é a voz da urgência. A nossa luta não é apenas sobre o clima; é sobre a vida, sobre a dignidade, sobre a justiça. E não descansaremos enquanto não houver justiça climática com justiça de género”, disse.
Para Luísa Mboane, falar de mudanças climáticas em Moçambique é, essencialmente, falar de justiça social, porque trata-se de uma questão que mexe com a segurança e com a própria sobrevivência das mulheres.
“Quando os ciclones e as secas fustigam o país, as mulheres são as maiores vítimas”, disse, lembrando-se da Rosita, a menina que nasceu em cima de uma árvore, em Chibuto, no início do ano 2000, cuja sua história é o símbolo da vulnerabilidade a que as mulheres são expostas.
Segundo ela, é inaceitável que, ainda hoje, tenhamos famílias a viver em tendas, em Maputo e na Beira, como consequência direta das catástrofes climáticas, sem um apoio substancial e duradouro do Governo.
Ela, falou do peso que recai sobre as mulheres ao citar as estatísticas que indicam que, na África Subsaariana, mais de 600 milhões de africanos vivem sem eletricidade, questionando quem paga o preço desta exclusão energética? E a resposta, naturalmente é que são as mulheres.
De acodo com a Luísa, são elas que cozinham com lenha e carvão, em fogões rudimentares, dentro de casa, inalando fumaça tóxica que lhes causa doenças respiratórias graves.
De acordo com a presidente da MULEIDE, organização que representa a FEMNET em Moçambique, que é uma Rede de Desenvolvimento e Comunicação das Mulheres Africanas, o continente responde por menos de 4% das emissões globais, mas sofre de forma desproporcional.
Disse que nessas crises, as mulheres que são guardiãs dos recursos naturais e da vida comunitária, estão na linha de frente.
Os países ricos comprometeram-se a um financiamento anual de, pelo menos, 300 mil milhões de dólares para os países em desenvolvimento. A pergunta é: O que é que esses países trazem em troca? E como é que essa troca se reflete, de forma visível e tangível, na vida das mulheres e das comunidades?
Fez saber que o simpósio decorreu no âmbito da Conferência havida esta semana, que assinalou os 5 anos de implementação de um grande programa intitulado: “Activistas Africanos em defesa da Justiça Climática, (AACJ)”, cuja implementação envolveu 8 países africanos, nomeadamente: Burkina Faso, Etiópia, Quénia, Nigéria, Senegal, Somália, África do Sul e Moçambique, com apoio financeiro do Ministério dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos visando, a consolidação de um Movimento Pan Africano em prol da Justiça Climática.
Um dos objectivos do programa, segundo a presidente da MULEIDE, era de transformar práticas comunitárias, narrativas públicas e influênciar espaços de tomada de decisão sobre a Justiça Climática.
Em Moçambique, a iniciativa é um consórcio liderada pela MULEIDE, em representantante da FEMNET e contou com as seguintes organizações: Cooperativa Avante, Oxfam Novib/AJOAGO, Natural Justice e Visão Juvenil.
As mulheres não são só vítimas, mas a solução do problema

Anne Tak, representante da FEMNET, começou por dizer que o mundo conhece e reconhece a história de Moçambique que não só é alvo de ciclones e secas, mas também é um país que viu uma menina nascida em cima de uma árvore. “Esta história não é para celebrar, ela demontra como as mulheres são vítimas das mudanças climáticas em África”.
Anne Tek, acrescentou que 60 por cento de agricultores são mulheres e, elas devem ser vistas como solução do problema. “A mulher gasta cerca de 40 mil horas por ano a procura de água e lenha, situação que a impede de realizar outras tarefas para o seu empoderamento”, disse , Anne Tek, acrescentando que as mulheres recebem menos de um por cento do financiamento climático. Por isso, para as mulheres, a crise climática é também a crise do genéro.
Em jeito de conclusão, Anne apelou as mulheres a não relacharem, elas devem continuar buscar informação sobre mudanças climáticas, para o seu empoderamento.“




