Ontem, na abertura da reunião da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN), o adido de imprensa do Presidente da República, Arsénio Henriques, escorraçou repórteres que foram convidados para a cobertura do evento. A mesma situação repetiu-se hoje, na abertura da Sessão do Comité Central da Frelimo, quando Emília Moiane, directora do Gabinete de Informação, decidiu escorraçar jornalistas da sala, sem nenhuma explicação.
Vendo jornalistas a retirarem-se da sala, o Presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, interveio e impediu a saída dos profissionais, ordenando o seu regresso à sala. Filipe Nyusi defendeu que cabia a si, na qualidade de Presidente do órgão, a responsabilidade de convidar os jornalistas a retirarem-se da sala.
O mais caricato é que tanto Emília Moiane como Arsénio Henriques são jornalistas e, saíram das redações para os órgãos que hoje ocupam.
MISA REPUDIA
Perante esta triste situação, o MISA-Moçambique, organização que vela pelos direitos dos jornalistas e promove a liberdade de imprensa, emitiu uma mensagem de repúdio pela forma como o adido de imprensa do Presidente da República, Arsénio Henriques, comportou durante a reunião da ACLLN, nesta quinta-feira, na Escola do Partido Frelimo, na Matola, província de Maputo.
A agremiação condena, nos termos mais veementes, esta que considera grosseira interferência do no trabalho jornalístico, cuja profissão que um dia ele próprio exerceu, que entende não ser uma actividade de “puxa-sacos”. Nesta mensagem de contestação, no entanto, o MISA reconhece o direito ao partido Frelimo ou a qualquer outra entidade de realizar sessões à “porta-fechada”, consubstanciando, porém, não ser razoável ver um adido de imprensa a escorraçar repórteres que foram convidados para a cobertura do evento.
A referida organização não-governamental afirma não ter dúvidas que a actuação de Arsénio Henriques se configura em “mais um acto de censura para evitar a difusão dos pronunciamentos de Óscar Monteiro, que qualquer outra alegada explicação”.
Daí que o MISA lembra à Frelimo que é dever moral e ético do Partido e do seu Presidente distanciarem-se, de forma clara, deste tipo de actuações que colocam em causa a liberdade de imprensa.