Manuel Guimarães: Um exemplo de cidadania que deve ser multiplicado

Manuel Guimarães, natural de Senga Senga, uma localidade situada no posto administrativo de Canxixe, distrito de Maríngué, Sofala, tocou corações da sua comunidade e de moçambicanos no geral, ao realizar uma mobilização comunitária que resultou na abertura de cerca de 23 quilómetros de vias terciárias, que ligam a localidade de Senga-Senga e Palame. Sem sombra de dúvidas, este é um exemplo de cidadania activa que deve servir de inspiração para outras comunidades rurais do país.

Participaram aproximadamente 380 pessoas, entre homens, mulheres e jovens, que se dedicaram à limpeza da plataforma, ao corte de arbustos e à regularização do terreno ao longo do traçado das novas vias. Trata-se de vias que ao longo da época chuvosa eram intransitáveis a e que, graças ao esforço conjunto, passaram a permitir maior ligação entre as comunidades e melhor circulação de pessoas e bens.

Importa referir que estas vias, surgem igualmente como uma alternativa vital à estrada principal, que tem vindo a degradar-se severamente devido à acção das chuvas e à proximidade de um rio que frequentemente transborda, provocando inundações. Esta situação tem isolado por longos períodos a localidade de Senga-Senga do distrito sede de Maringué, dificultando o trânsito de pessoas e mercadorias, bem como o acesso a serviços essenciais.

A liderança deste homem, foi determinante para o êxito desta acção. O seu compromisso com a terra natal e a capacidade de mobilizar diferentes grupos sociais demonstram o poder da organização comunitária no fomento do desenvolvimento local.

Esta intervenção representa um passo significativo para a melhoria das condições de vida das populações locais, facilitando o acesso a serviços, ao comércio e ao intercâmbio entre localidades vizinhas. Que este exemplo de cidadania activa sirva de inspiração para outras comunidades rurais do país.

Parturientes receberam capulanas

O gesto humanitário do cidadão Guimarões, não parou por aqui, ele ofereceu capulanas às mulheres parturientes do Centro de Saúde de Senga Senga, um gesto simples, mas que simboliza solidaridade e amor pelo próximo. Estas acções tiveram lugar no dia sete de Abril, data consagrada á Mulher Moçambicana.

Pode parecer simples, um pedaço de pano nas mãos de uma mulher que acaba de dar a luz, representa muita coisa. É um abraço, um sinal de respeito, um reconhecimento do seu esforço, da sua coragem e da sua dignidade, sobretudo, num momento tão delicado, em que a vida se renova com dores e esperanças. O gesto do cidadão Guimarões transforma-se numa celebração silenciosa do milagre de ser mulher.

Guimarães, não levou apenas tecidos. Levou afeto, levou cuidado, levou consigo uma mensagem que diz: “Eu vejo-vos. Eu valorizo-vos.” E num país onde tantas vezes as mães enfrentam adversidades em silêncio, onde a maternidade é vivida com força, mas também com sacrifício, este acto tem o peso e o brilho de uma pequena revolução feita com doçura.

É neste tipo de acções que reside a verdadeira grandeza. Não nas palavras pomposas ou nas promessas por cumprir, mas na simplicidade de quem escolhe estar presente, de quem estende a mão, de quem se importa. Que este gesto inspire outros. Que Senga Senga se lembre, não apenas das capulanas, mas do que elas representaram naquele dia. E que Manuel Guimarães continue a ser exemplo de humanidade, empatia e respeito pelas raízes e pelas mulheres que sustentam o mundo, muitas vezes em silêncio, mas sempre com uma força inigualável. Texto de um desconhecido, editado pelo Zebrando.