LAM inibida de sobrevoar o território zimbabweano – amizade a parte

Enquanto isso, a portuguesa EuroAtlantic Airways (EAA), ameaça cancelar as rotações Maputo-Lisboa-Maputo. “É crucial que os pagamentos pendentes sejam regularizados imediatamente”, escreve a EAA numa comunicação dirigida à LAM.

As dívidas das Linhas Áreas de Moçambique (LAM) com os diferentes parceiros estão a complicar ainda mais a situação operativa da transportadora aérea nacional.

Segundo o jornal Savana, na sua edicção de cinco de Julho, desta vez, é o Zimbabwe a inibir os aviões da LAM de sobrevoarem o seu espaço aéreo. Fonte zimbabweana próxima do assunto confirmou a este jornal que a proibição é por causa de dívidas, mas não revelou o montante envolvido e muito menos o destino do avião em causa, alegando sigilo profissional.

A LAM é acusada de não honrar o pagamento de taxas de sobrevoo no espaço aéreo zimbabweano. Tudo indica que se trata do voo Maputo-Lisboa, sendo que com o banimento por falta de pagamento de taxas, deverá levar mais de 40 ou 50 minutos para fazer o seu percurso normal.

Isto vai elevar os custos operacionais, porque há mais combustível por despender. A LAM será obrigada a ter que sair de Maputo até Tete, escalar Zâmbia e seguir o curso normal até ao destino final da aeronave, como a única forma de contornar o espaço aéreo zimbabweano.

Em 2018, a Consultora sul-africana Fly Modern  Ark (FMA) foi contratada para reanimar a Air Zimbabwe, companhia aérea local, que enfrentava sérios problemas de liquidez e de frota. A FMA apresentou uma proposta de investimento de cerca de USD 220 milhões que culminariam com a cedência de 25 por cento de estrutura accionista da AirZim.

Com esse valor, seria possível adquirir 10 aeronaves, treinamento do pessoal, ferramentas de suporte técnico e outra parte seria gasta em operações, marketing e segurança.

Sucedeu que a FMA não cumpriu a promessa, facto que desagradou as autoridades zimbabweanas.

A FMA também está em Moçambique, mas desde a sua contratação cuja missão era estabilizar as contas da LAM, que andavam no vermelho, o estado da frota tende a agravar-se. A LAM contava com uma frota composta por dois Boeng737-700, três Q400 e três Embraer 145 da subsidiária MEX e não alugava nenhuma aeronave a tempo inteiro, como sucede agora.

Ainda sobre o voo Maputo-Lisboa-Maputo, o SAVANA apurou que a LAM conseguiu renegociar o pagamento da dívida de cerca de 1,4 milhões de euros à portuguesa EuroAtlantic Airways (EAA), facto que viabilizou a continuidade de voos.

No entanto, a EAA mantém as ameaças de suspensão de voos, caso não sejam pagas as facturas em atraso. A LAM alega problemas burocráticos no Ministério das Finanças, para o pagamento das facturas em atraso.

Sabe-se que o executivo moçambicano assumiu os pagamentos das dívidas em atraso, facto que fez com que a EAA recuasse da intenção de suspender os voos desta semana. “É crucial que os pagamentos pendentes sejam regularizados imediatamente. A continuidade das operações está seriamente comprometida e caso a situação não se altere, seremos obrigados a cancelar as rotações da quinta-feira e sábado. Esta decisão, embora indesejada, será inevitável, se os compromissos discutidos não forem cumpridos”, ameaça a EAA, numa comunicação dirigida à LAM.

Contratada em Abril do ano passado como consultora para estabilizar as contas da LAM, a FMA foi indigitada em Março do presente ano para assumir a direcção-geral da LAM interinamente, quando faltavam apenas 30 dias para o término do contrato de consultoria.

Actualmente, não há informação pública da duração do vínculo, mas sabe-se que a direcção goza de fortes simpatias do executivo.