FAMÍLIA REAL BRITÂNICA: Discriminação racial?

O príncipe Harry e sua esposa, Meghan Markle, concederam recentemente uma longa entrevista, à apresentadora de TV Oprah Winfrey, para contar sobre o relacionamento conturbado com a família real. Racismo, abandono e saúde mental fragilizada foram abordados na conversa com Ophah.

Meghan não era parte da realeza antes de se casar com Harry. Nascida na Califórnia, Estados Unidos da America, a jovem era conhecida por seu trabalho como atriz, principalmente na série Suits. Por ser uma “estranha” no Palácio de Buckingham, ela conta que sofreu com a desconfiança dos jornais ingleses e com o preconceito da própria família real.

Em um momento da entrevista, o Príncipe Harry demonstrou medo de que a “história se repetisse”, referindo-se ao passado da família, conhecido pelo tratamento ruim com a princesa Diana, mãe de Harry, mas também com Sarah Ferguson, ex-mulher do príncipe Andrew, e Wallis Simpson, que motivou o rei Eduardo VIII a abdicar do trono em 1936.

Não é a primeira vez que uma mulher de fora do círculo real entra para a família neste século. Kate, hoje duquesa de Cambridge após seu casamento com o príncipe William, também foi uma “intrusa”. No entanto, o que Meghan revela para Oprah é que, enquanto o tratamento com Kate foi “rude”, o que ela recebeu foi “racismo”.

Por não ser inglesa, Meghan já receberia ataques da parte dos súditos apegados à estrutura monárquica e nacionalista. Por ser negra, as ofensas racistas direcionadas a ela foram contundentes.

Conversando com Oprah, Meghan disse que, durante a gravidez de Archie, o primeiro filho do casal, houve uma preocupação de parte da família real sobre a cor da pele do bebê.

“Naqueles meses, havia preocupações e conversas sobre o quão escura sua pele poderia ser”, disse Meghan. Harry comentou também que ficava magoado com a omissão de sua família quanto ao “tom colonial” da imprensa para com Meghan, se referindo aos comentários que a retratavam como se fosse inferior.

Segundo a ex-atriz, no início de sua gravidez a família real britânica a informou que o filho não teria os benefícios de membros da realeza, como uma estrutura de segurança ou um título de nobreza.

Meghan, hoje Duquesa de Sussex, confessou ter passado por períodos difíceis desde sua união com Harry, chegando até a “não querer mais estar viva”. Ela diz ter perdido sua liberdade completamente e ser se sentido abandonada pela “firma”, como chama a família real.

Apesar de ter buscado ajuda, Meghan foi informada por membros dos Recursos Humanos do palácio – sim, a família real tem um setor de RH – de que ela não deveria procurar assistência psicológica, uma vez que “isso não seria bom para a instituição”.

Princesa Diana

Harry afirmou a Oprah que, desde o casamento, ele não só temia como via a história de sua mãe se repetindo com Meghan. “Mas, dessa vez, talvez de maneira muito pior, porque se adiciona à conta a raça e a existência das redes sociais”, diz ele.

A história de Lady Di ficou muito conhecida devido ao seu fim trágico, com a morte inesperada da princesa num acidente automobilístico quando o carro fugia de fotógrafos paparazzi. “Queridinha” do povo britânico, ela era engajada em pautas sociais e acabou se tornando um ícone da moda.

Desde a sua época de namoro com o Príncipe Charles, filho da Rainha Elisabeth II e atual herdeiro ao trono inglês, ela sofreu com o ataque da mídia e da própria família real.  Após seu “casamento dos sonhos”, como muitos tabloides retrataram, traições e intrigas envolvendo Charles e sua ex-namorada (atual esposa) Camille Shand, também casada, causaram o divórcio entre o casal de “conto de fadas”.

Ainda amada por grande parte da população, apesar de ter a privacidade constantemente invadida por tabloides, ela morreu um ano após o divórcio.

Apesar de terem motivações diferentes, nenhuma das duas – Diana ou Meghan – se sentiu acolhida dentro da realeza. Ambas enfrentaram distúrbios mentais por isso.