Segundo a imprensa local, o primeiro-ministro Fumio Kishida demitiu ontem (14 de Dezembro), quatro membros influentes de seu gabinete na tentativa de salvar seu cargo de primeiro-ministro do maior escândalo de financiamento político do Japão em mais de três décadas. A lista das demissões inclui o secretário-geral, porta-voz do governo e cinco vice-ministros.
As demissões aconteceram depois de o primeiro-ministro, Fumio Kishida, ter anunciado que pretendia enfrentar um escândalo de fraude financeira no seio do partido que lidera, noticiaram media locais. Os procuradores japoneses estão a investigar suspeitas de fraude contra dezenas de membros do governo.
“Apresentei a minha demissão ao primeiro-ministro”, declarou o braço direito de Kishida, o secretário-geral (com estatuto ministerial) e porta-voz do governo, Hirokazu Matsuno, referindo-se às suspeitas de que é alvo.
O ministro da Economia, Comércio e Indústria, Yasutoshi Nishimura, o ministro da Administração Interna, Junji Suzuki, e o ministro da Agricultura, Ichiro Miyashita, também apresentaram a demissão, juntamente com cinco vice-ministros e outros funcionários, anunciou Matsuno.
“A desconfiança do público está centrada em mim em relação aos fundos políticos, o que está a levar à desconfiança em relação ao governo. Como está a decorrer uma investigação, achei que devia esclarecer as coisas”, justificou Yasutoshi Nishimura aos jornalistas.
De acordo com a imprensa local, os procuradores japoneses estão a investigar suspeitas de fraude contra dezenas de membros do Partido Liberal Democrata (LDP, direita conservadora), que governa o país quase ininterruptamente desde 1955.
Os meios de comunicação social japoneses têm apontado que estes membros são suspeitos de não terem declarado o equivalente a vários milhões de euros recolhidos através da venda de bilhetes para eventos de angariação de fundos, que o LDP lhes terá pago.
Os investigadores estão sobretudo interessados nos membros da maior fação interna do partido, liderada pelo antigo primeiro-ministro, Shinzo Abe, assassinado no ano passado.
Estes, terão recebido cerca de 500 milhões de ienes (3,2 milhões de euros) durante um período de cinco anos, até 2022.
Kishida, que considerou “extremamente lamentável que a situação tenha dado origem à desconfiança do público”, prometeu “tornar-se numa bola de fogo para restaurar a confiança no governo”, anunciando que ia “fazer rapidamente nomeações”.
O primeiro-ministro japonês prepara-se para substituir não só os três ministros demissionários, mas também o secretário-geral e porta-voz do governo, Hirokazu Matsuno, notou a imprensa.
No total, nove ministros e vice-ministros serão afetados pela remodelação.
Todos os ministros a substituir pertencem à “fação Abe”, embora se diga que o escândalo também afete membros do lado de Kishida, acrescentou a comunicação social nipónica.
Mesmo antes deste escândalo, a popularidade de Kishida, de 66 anos, estava em baixo, nomeadamente devido à inflação persistente e à queda do iene, resultando numa quebra do poder de compra das famílias nipónicas, apesar do anúncio do governo, no mês passado, de um novo plano de estímulo fiscal.