A presidência de Donald Trump foi marcada por políticas agressivas de imigração, e ele promete ir ainda mais longe caso retorne à Casa Branca. Ele tem dito que “iniciaria a maior operação de deportação doméstica da história americana”.
No seu discurso de 18 de Julho, na convenção republicana Trump disse: “A maior invasão da história está a acontecer aqui no nosso país, eles estão a vir de todos os cantos da Terra, não apenas da América do Sul, mas da África, Ásia e Oriente Médio. Eles estão a vir de todos os lugares, e esta administração não faz nada para detê-los. Eles estão a vir de prisões e cadeias, de instituições mentais e asilos para loucos, e terroristas em níveis nunca vistos antes”.
O republicano também se comprometeu a acabar com a cidadania por nascimento para filhos de migrantes sem documentos e a travar guerra contra os cartéis de droga mexicanos.
No ano passado, ele sugeriu, ainda, que expandiria as polêmicas proibições de viagens anteriormente impostas a pessoas de diversos países de maioria muçulmana.
Doris Meissner, ex-comissária do agora extinto Serviço de Imigração e Naturalização dos EUA, hoje especialista do Migration Policy Institute, com sede em Washington, explica que além de prometer deportar milhões de imigrantes não autorizados, muitos dos quais vivem nos EUA há décadas, Trump quer reduzir a imigração legal.
O site da campanha de Trump destaca que, no cargo, ele suspendeu o programa de reassentamento de refugiados dos EUA. Meissner diz que é provável que ele tente fazê-lo novamente.
Esta especialista acredita, no entanto, que os planos do ex-presidente encontrariam barreiras legais, como no primeiro mandato, quando os tribunais intervieram em decisões, como nas proibições de viagens.
Além disso, o seu plano de deportação “irá de encontro à realidade de que o governo federal não tem recursos para deter e remover pessoas nem perto dos números que Trump promete.
Outros especialistas na matéria, entendem que o presidente Joe Biden implementou uma política de imigração mais “humana” e suspendeu ou revogou várias políticas de fronteira da era Trump. Mas as pesquisas de opinião mostram que os eleitores tanto da esquerda quanto da direita estão preocupados com os níveis de imigração naquele país.
Em junho, o atual presidente emitiu uma ordem que permite que as autoridades deportassem rapidamente migrantes que entrarem ilegalmente nos EUA, sem que seus pedidos de asilo sejam processados. Mas duas semanas depois, Biden anunciou, também, uma política que protegerá de deportação centenas de milhares de cônjuges de cidadãos norte-americanos sem documentos.
Meio ambiente?
Como presidente, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas. Ele diz no seu site da campanha que repetiria a ação.
O seu site também afirma que ele irá acabar com os “litígios frívolos” de ambientalistas, acabar com os subsídios à energia eólica, reduzir os impostos sobre os produtores de petróleo, gás e carvão e revogar as regulamentações introduzidas por Biden relacionadas a emissões geradas por veículos.
O professor David G. Victor, especialista em alterações climáticas da Universidade da Califórnia, em San Diego, considera que não houve, nos últimos 30 anos, dois candidatos presidenciais tão distantes em matéria de clima.
Também ex-autor principal do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, o professor Victor diz que uma vitória de Trump seria “uma catástrofe” para as atuais metas climáticas do governo dos EUA.
“Ele afastaria nossos aliados… então há muito pânico”, diz ele.
Simon Evans, vice-editor do influente site sobre alterações climáticas Carbon Brief, diz que seria “muito improvável” que os EUA cumprissem seus compromissos climáticos internacionais se Trump retornasse à Casa Branca.
Ele é co-autor de um estudo que conclui que os EUA também provavelmente não cumprirão as metas do presidente Biden, mas por uma margem menor.
Biden investiu históricos US$ 300 bilhões em energia limpa e iniciativas climáticas através da sua Lei de Redução da Inflação. Mas alguns ativistas climáticos opõem-se às ações que ele tomou para aumentar a produção de petróleo e gás, incluindo o projeto petrolífero Willow, no Alasca.