MOÇAMBIQUE observa, a partir de hoje, seis dias de luto nacional pela morte, quinta-feira, de Kenneth David Kaunda, primeiro Presidente da Zâmbia independente, vítima de doença, aos 97 anos de idade.
A decisão foi tomada ontem pelo Conselho de Ministros, reunido na sua 3.ª sessão extraordinária, na sequência do desaparecimento físico do antigo estadista zambiano.
Durante o período de luto nacional, segundo o porta-voz da sessão, Inocêncio Impissa, a bandeira nacional e o pavilhão presidencial serão içados à meia haste em todo o território nacional e nas missões diplomáticas e consulares de Moçambique.
Impissa explicou que o luto nacional foi decretado tendo em conta os laços históricos de irmandade, amizade e solidariedade existentes entre os povos, governos e os Estados moçambicano e zambiano e a contribuição valiosa da Zâmbia na luta de libertação e na consolidação da independência nacional.
O decreto deve-se ainda ao elevado prestígio e estima que esta personalidade granjeou, a nível regional, continental e mundial, obtido na luta pela igualdade racial, liberdade, dignidade e progresso económico e social de África.
“Destacou-se na promoção do diálogo, estabilidade e paz entre os povos e deixa um importante legado para as gerações presentes e futuras”, disse Inocêncio Impissa, que é vice-ministro da Administração Estatal e Função Pública.
O Presidente da República endereçou quarta-feira uma mensagem de condolências pela morte de Kenneth Kaunda.
Nascido a 28 de Abril de 1924, na Zâmbia, o mais novo de oito filhos de pais oriundos do Malawi, Kenneth Kaunda abandonou o professorado, em 1954, para liderar uma campanha de desobediência civil, conhecida como Cha-Cha-Cha, contra o domínio britânico na então Rodésia do Norte. Foi preso duas vezes, por dois meses em 1955, e nove meses, em 1959.
Também apelidado de “o Gandhi africano” pelo seu activismo não violento, Kaunda conduziu a antiga Rodésia do Norte à independência sem derramamento de sangue em Outubro de 1964.