Adriano Nuvunga discorda com atribuição póstuma de Doutor Honoris Causa a Samora Machel

A Universidade Eduardo Mondlane (UEM) decidiu atribuir, a título póstumo, o grau de Doutor Honoris Causa ao primeiro Presidente de Moçambique independente, Samora Moisés Machel, no âmbito das celebrações dos 50 anos da Independência Nacional, decisão contestada por Adriano Nuvunga, académico e activista social de direitos humanos.

Segundo Adriano Nuvunga, a sua objecção não se baseia na falta de mérito de Samora Machel, mas sim na convicção de que a grandeza histórica do primeiro Presidente de Moçambique não pode ser reduzida a um título académico.

“Samora Machel foi e é muito mais do que uma figura de Estado. Foi o rosto da luta anticolonial, o comandante da libertação nacional e o arquitecto do Estado moçambicano soberano e solidário”, escreveu Nuvunga, Num comunicado intitulado Carta Pública à Universidade Eduardo Mondlane, no qual defende que a sua memória deve ser preservada para além dos ritos protocolares.

O académico, defende que a própria UEM faz parte do legado de Samora Machel, tendo sido por ele transformada num espaço de ciência voltado para a justiça social. Por essa razão, Nuvunga argumenta que a universidade não deve limitar-se a honrar Samora com títulos, mas sim manter a coerência com os princípios que ele defendeu.

“Samora não precisa de títulos: precisa de coerência histórica, de defesa da memória e de continuidade das suas lutas”, afirma, acrescentando que “há figuras que não se doutoram porque já são, em si mesmas, a própria universidade da história.”

A carta termina com um apelo à consciência institucional da UEM, reiterando que Samora Machel “não cabe numa toga” e que a melhor homenagem é o compromisso prático com os valores que ele encarnou: soberania, justiça social, educação transformadora e solidariedade africana.

Por sua vez, o reitor da UEM declarou que a decisão “reflecte o reconhecimento da Universidade ao papel fundamental que Samora desempenhou na construção de uma academia voltada para a transformação social e a soberania nacional.”

Samora Machel foi o primeiro Presidente da República de Moçambique, líder da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e figura incontornável na história do país e do continente africano.

Apesar das opiniões divergentes, a Universidade Eduardo Mondlane afirma que a homenagem visa manter viva a memória e o legado de Samora Machel junto das novas gerações de estudantes e intelectuais. INTEGRITY/ZEBRANDO