E o advogado está a ser investigado pelo Ministério Público, num processo autónomo por suspeita de branqueamento de capitais nas empresas Txopela Investimentos e Dandula, nas quais é administrador e sócio maioritário, respectivamente.
O Ministério Público acusa o ex-diretor da Inteligência Económica do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), António Carlos do Rosário de ser o réu das dívidas ocultas que mais subornos recebeu através de várias transferências da Privinvest, uma operação de branqueamento de capitais que passou por Alexandre Chivale.
De acordo com o MP, António do Rosário recebeu 350 milhões de meticais, três milhões de dólares, esta segunda transferência saída das chamadas “50 milhões de galinhas”, mais 15 milhões de dólares pagos em 2013 e outros 9,4 milhões de euros transferidos em 2015.
Dos valores revelados pelo Ministério Público e considerando o câmbio do dia, António Carlos do Rosário teria recebido cerca de 33 milhões e seiscentos mil dólares norte americanos, cerca de dois biliões e cento e cinquenta milhões de meticais.
O dinheiro saia do grupo Privinvest para IRS e daqui passava para a empresa Txopela, que tem o réu como accionista ou para a ProÍndico, sociedade unipessoal do réu. É através destas empresas que o réu teria comprado vários apartamentos.
Segundo o Ministério Público, António Carlos do Rosário gastou só com a compra de imoveis mais de oito milhões de dólares , mas o réu nega todas estas acusações.
Entretanto, o Jornal Notícias escreve na sua edicção de hoje que o advogado Alexandre Chivale está a ser investigado pelo Ministério Público, num processo autónomo por suspeita de branqueamento de capitais nas empresas Txopela Investimentos e Dandula, nas quais é administrador e sócio maioritário, respectivamente.
As investigações surgiram após evidências da ligação do causídico com as duas empresas, usadas para receber dinheiro da Privinvest em benefício de particulares. As mesmas fontes referem que as investigações foram igualmente espevitadas pelo facto de o advogado estar a ser suspeito de obstruir a continuidade das diligências em curso por parte do Ministério Público.
Chivale é também apontado de, sistematicamente, viajar para o Líbano ao encontro de Jean Boustani e outros sócios da Privinvest, facto que, segundo o Ministério Público, está a inviabilizar o curso normal das investigações sobre estes.
Até há bem pouco tempo advogado de defesa dos réus António Carlos do Rosário, Maria Inês Moiane e Elias Moiane no julgamento do caso Dívidas ocultas, Alexandre Chivale, viu-se impedido pelo tribunal de continuar a exercer o patrocínio dos mesmos por incompatibilidade e conflito de interesses, acabando por ser constituído declarante nos presentes autos.
O Ministério Público refere, na acusação do caso Dívidas ocultas, que a Txopela Investimentos, empresa de que o causídico é administrador, recebeu, dissimulou e branqueou milhões de dólares pagos pelo Grupo Privinvest para a compra de imóveis a favor do réu António Carlos do Rosário.
Aponta ainda Chivale de deter 75 por cento do capital como sócio da empresa Dandula, que gere os activos imobiliários adquiridos pela Txopela Investimentos com os fundos resultantes do calote, ora em julgamento.
Na semana passada, o juiz Efigênio Baptista ordenou a exoneração da Txopela Investimentos como fiel depositária por não ter sido nomeada pelo tribunal, no despacho que determinou a penhora dos imóveis ocupados e geridos pelo causídico.
Em consequência, o juiz da causa ordenou ao administrador da Txopela, neste caso o advogado Alexandre Chivale, a abandonar, em cinco dias úteis, os referidos activos imobiliários e entregar as chaves ao tribunal que, por sua vez, os depositará na Direcção Nacional do Património do Estado.
Na quinta-feira da semana passada, foi substituído nos presentes autos pelo advogado Isálcio Mahanjane, que passa doravante a defender, para além de Ndambi Guebuza, os co-réus António Carlos do Rosário, Maria Inês Moiane e Elias Moiane.
A justiça moçambicana julga 19 arguidos do processo principal das dívidas ocultas acusados de se terem associado em “quadrilha” e delapidado o Estado moçambicano em 2,7 mil milhões de dólares (2,28 mil milhões de euros) – valor apontado pela procuradoria e superior aos 2,2 milhões de dólares até agora conhecidos no caso – angariados junto de bancos internacionais através de garantias prestadas pelo Governo.
As dívidas ocultas foram contraídas entre 2013 e 2014 junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.
Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo, sem o conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.