PRESTAR um tributo à mulher moçambicana e celebrar a capulana, um tecido secular ligado à cultura e história do país é um dos objectivos de um mural sem título recentemente inaugurado no prédio da Cooperação Espanhola, na cidade de Maputo.
A obra foi pintada por três artistas plásticos que fazem parte do grupo espanhol de arte urbana “Boa Mistura”, no âmbito da celebração do 40° aniversário da Cooperação Espanhola, sob o lema “A Mulher Moçambicana e a Capulana” e foi financiada pelo programa Acerca da AECID e o pelo Conselho Municipal de Los Llanos de Aridane (Ilhas Canárias, Espanha).
Segundo Ximena Bartolomé, Encarregada de Negócios da Embaixada da Espanha em Moçambique, o mural, inspirado na mulher e capulana, resultou de uma oficina realizada com algumas mulheres na Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo (FEIMA) e procura igualmente ser uma ferramenta importante na explicação a tradição e simbologia da capulana no país.
Conta ainda que para a materialização desta iniciativa foram necessárias sessões de conversa com algumas mulheres da capital, que inclusive tiveram acesso aos primeiros esboços do Boa Mistura, de modo a perceber-se se o que estava a ser criado ia de encontro com os que elas idealizavam e, depois destas fases, os pintores conceberam definitivamente o mural.
De acordo com Ximena Bartolomé, a figura vai mais além da mulher e da capulana e procura ser um ponto de partida para uma discussão da cidade enquanto um espaço de contemplação da arte, um pensamento que surge em consequência da crise causada pela pandemia do novo coronavírus que assola o mundo.
“É um mural que queremos que seja a primeira pedra de muitos projectos e se calhar de ter uma cidade museu, agora, nos tempos de Covid-19, é muito difícil ir às galerias e museus e a arte pode ser observada nos prédios e ruas através da arte urbana”, explicou.
Para a fonte, este tipo de iniciativas pode impulsionar os sectores da cultura e turismo e inspirar muitas pessoas a pensarem fora da caixa, no sentido de encontrarem alternativas para que a Covid-19 não paralise as suas vidas.
Defende que o mural também dá voz aos artistas que clamam por algum apoio das autoridades de modo a garantir que a sua arte não esteja paralisada por causa da pandemia.
A inauguração desta obra contou com a presença de representantes do Conselho Municipal de Maputo e dos ministérios da Cultura e Turismo (MICULTUR), da Saúde (MISAU) e dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEEC).